Operação Lance Final PF recolhe computadores, documentos, contratos e planilhas na sede da Novo Recife Empreendimentos Ação de busca e apreensão apura suspeita de fraude em um leilão que resultou na arrematação do terreno da antiga RFFSA, no Cais José Estelita

Publicado em: 30/09/2015 11:32 Atualizado em: 30/09/2015 13:40

Entrevista coletiva foi concedida pelo Superintendente Regional da PF-PE, delegado Marcello Diniz Cordeiro e pelas delegadas Andrea Pinho, responsável pela operação e Carla Patrícia. Foto: PF/ Divulgação
Entrevista coletiva foi concedida pelo Superintendente Regional da PF-PE, delegado Marcello Diniz Cordeiro e pelas delegadas Andrea Pinho, responsável pela operação e Carla Patrícia. Foto: PF/ Divulgação
A Polícia Federal (PF) em Pernambuco cumpriu, na manhã desta quarta-feira um mandado de busca e apreensão na sede da empresa Novo Recife Empreendimentos Ltda, na Avenida Domingos Ferreira, bairro do Pina, no Recife. As buscas fazem parte da operação batizada de Lance Final, que apura suspeita de fraude em um leilão que resultou na arrematação do terreno da antiga RFFSA, localizada na Avenida Engenheiro José Estelita. Realizado em 2008, o processo teve como ganhador a Novo Recife.

As equipes recolheram computadores, planilhas, documentos e contratos. Segundo a PF, as diligências que estão sendo realizadas hoje têm como objetivo apurar se há outros crimes associados, tais como tráfico de influência e corrupção ativa e passiva. Foi requerido também pela Polícia Federal à Justiça Federal o sequestro do imóvel arrematado, para garantir o ressarcimento do referido prejuízo.

Uma entrevista coletiva sobre a operação está sendo concedida, na sede da PF, na Avenida Cais do Apolo, pelo Superintendente Regional da PF-PE, delegado Marcello Diniz Cordeiro e pelas delegadas Andrea Pinho, responsável pela operação e Carla Patrícia. Ainda hoje, a PF também cumpre mandado de busca e apreensão na sede da Milan Leilões, localizada em São Paulo e que seria responsável pela realização do leilão. A área leiloada é palco de uma acirrada disputa envolvendo entidades que discordam da utilização da área para a construção de torres residenciais e empresariais, além de um parque linear. O movimento ficou conhecido como Ocupe Estelita.
PFapura suspeita de fraude em um leilão que resultou na arrematação do terreno da antiga RFFSA, localizada na Avenida Engenheiro José Estelita. Foto: PF/ Divulgação
PFapura suspeita de fraude em um leilão que resultou na arrematação do terreno da antiga RFFSA, localizada na Avenida Engenheiro José Estelita. Foto: PF/ Divulgação

Durante as investigações, iniciadas em março de 2015, a PF chegou a evidências de fraude ao caráter competitivo no leilão, que podem configurar crime previsto na lei de licitações (Artigo 90 da lei 8.666/93). A polícia apura se, em função do direcionamento do leilão, a empresa Novo Recife teria conseguido arrematar o terreno por um preço inferior ao de mercado, à época, em quase R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais).

Novo Recife - O projeto prevê, entre outros pontos, a construção de 12 prédios, área comercial, hotéis, restaurantes, bares e estacionamentos na área do Cais José Estelita. O local ainda preserva vestígios de edificações históricas abandonadas, como antigos armazéns de açúcar e galpões.

O prefeito Geraldo Júlio sancionou a lei aprovada pela Câmara Municipal, em maio passado, definindo as novas normas de ocupação dos cais José Estelita e Santa Rita e área do Cabanga.

Os críticos da iniciativa apontam prejuízo à memória nacional e o aspecto segregador do projeto, uma vez que o terreno de 105 mil metros quadrados, localizado em área histórica e considerado importante cartão-postal da capital pernambucana, passará a ser propriedade da iniciativa privada. Parte dos moradores da cidade, no entanto, é favorável a que o Poder Público dê nova destinação ao local, que, segundo eles, está abandonado e é frequentado por criminosos e usuários de drogas.

O Consórcio Novo Recife, responsável pelas obras no local, rebate as críticas, alegando que cerca de 90 mil m² da área serão destinados à construção de um parque público. O consórcio também informa que as futuras atividades comerciais vão gerar 2,5 mil empregos na área que hoje “encontra-se bastante degradada e subutilizada”. Na época, em nota, a prefeitura sustentou que a aprovação da matéria “encerrou um processo de amplo debate com os diferentes segmentos da sociedade”.



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