Transplante Queda na doação de córnea compromete fila zerada à espera do órgão

Publicado em: 04/08/2015 09:20 Atualizado em:

A diminuição nas doações de órgãos registrada este ano está dificultando os transplantes de córneas em Pernambuco. Atualmente, 185 pessoas estão na fila de espera por uma córnea, 120% a mais do que havia no mesmo período de 2014 (85). A espera, em alguns casos, pode ser de até 60 dias para a realização do transplante.

De acordo com a coordenadora da Central de Transplante de Pernambuco (CT-PE), Noemy Gomes, a principal causa desse aumento na espera ainda é a negativa familiar, principalmente alegando a preocupação com a situação do corpo após a retirada do tecido ocular. "Precisamos disseminar para a população que o corpo do ente querido será entregue íntegro aos familiares e que a doação é um ato de solidariedade que dará um novo sopro de vida aqueles que estão na fila de espera", afirma.

Há dez anos, a fila por uma córnea chegava a contar com mais de três mil pacientes, que podiam esperar até cinco anos para fazer um transplante. Desde janeiro de 2013, após esforço conjunto da CT-PE, centros e comissões de transplantes e a própria sociedade, foi possível manter o status de fila zerada, quando um paciente aguarda apenas cerca de 30 dias o procedimento, tempo necessário para a realização dos exames e pareceres pré-operatórios.

De janeiro a junho deste ano, foram realizados 255 transplantes de córnea. No mesmo período de 2014 foram 346, uma queda de 26%. "Em 2012, fizemos mais de mil procedimentos e, com isso, conseguimos alcançar o status de córnea zero no início de 2013. Na época, realizamos um mutirão para localizar os pacientes e para atualizar os dados e exames para que os transplantes fossem efetivados. Agora, precisamos que a população converse sobre a doação de órgãos e tecidos, coloque-se no lugar de quem está esperando, pense na importância de ser um doador e não tenha receio de autorizar a doação de um familiar que tenha falecido", afirma Noemy Gomes.

Qualquer paciente que falece, seja por morte encefálica ou por parada cardíaca, pode doar a córnea, que, após a retirada, dura até 14 dias. Para que haja a doação, de acordo com a legislação brasileira, um parente de até segundo grau precisa autorizar.

De janeiro a junho de 2015, foram realizados 630 transplantes de órgãos e tecidos em Pernambuco. Isso representa uma diminuição de 5,26% em relação ao mesmo período de 2014, quando foram realizados 655. Apesar da diminuição, a CT-PE comemora o aumento nos transplantes de coração (10 em 2014 e 25 em 2015, um acréscimo de 150%) e de fígado (51 em 2014 e 60 em 2015, um aumento de 18%).

Atualmente, 1.303 pessoas aguardam por uma doação em Pernambuco. A maior fila de espera é a de rim, com 1.003 pacientes, seguida de córnea (185), fígado (76), medula óssea (32), coração (6) e rim/pâncreas (1).




 



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