Jaboatão Moradores de imóveis demolidos no Conjunto Muribeca não têm para onde ir

Publicado em: 11/06/2015 07:55 Atualizado em: 11/06/2015 08:37

Até as 18h de ontem o motorista Luiz Lopes Bandeira Júnior, 51 anos, não sabia onde dormiria. Desde 1987, ele era morador de uma das nove casas que começaram a ser demolidas, por ordem da Justiça, no entorno do Conjunto Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes. Sem ter para onde ir, Luiz contou com o apoio de um amigo que emprestou o quintal para ele abrigar seus móveis. “Mas preciso arrumar um lugar e levar as coisas de vez, porque se chover vou perder tudo”, comentou. Pelo menos oito casas tinham sido demolidas até o fechamento desta edição.

O drama do motorista é parte de uma história que se arrasta desde 1986, quando o primeiro bloco do conjunto, construído quatro anos antes, foi interditado. A lentidão do processo de recuperação dos edifícios desocupados, comprometidos por falhas estruturais e reformas sem orientação técnica, permitiu a construção das casas irregulares perto dos prédios.

A Caixa Econômica Federal impõe a derrubada dessas casas como condição para reformar os edifícios e alega que “aguarda a liberação do entorno para iniciar os procedimentos de reconstrução dos blocos 129 e 155”. O argumento é que a reforma dos prédios compromete a segurança dos moradores irregulares. A demolição foi determinada pela Justiça Federal.

O mesmo ocorreu em julho do ano passado, quando outras 30 casas também foram destruídas na área. Hoje, a prefeitura de Jaboatão realiza reunião para avaliar a recomendação do Ministério Público Federal sobre o pagamento de auxílio-moradia no valor de R$ 859,87 para os moradores, segundo confirmou o procurador-geral da cidade, Henrique Leite.

De acordo com o advogado dos moradores, Fred Pinheiro, cerca de 480 famílias estão ameaçadas de perder as residências por causa do processo de recuperação do Conjunto Muribeca. O município disponibilizou um espaço para os moradores guardarem os móveis, no Núcleo de Convivência do Serviço Social, no bairro de Marcos Freire.

O presidente da Associação de Moradores da Muribeca, João Freitas, diz que um laudo técnico contratado pelos moradores prova não haver necessidade da retirada das casas. Mas não houve acordo, as famílias de nove casas da Rua Armando Tavares foram obrigadas a sair.

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