Publicado em: 22/06/2015 12:20 Atualizado em: 22/06/2015 12:33
O bairro de Peixinhos, em Olinda, receberá, a partir de meia noite, um dos eventos mais tradicionais do São João em Pernambuco: o Acorda Povo. Trata-se de uma das últimas procissões dançantes que ainda existem desde os tempos da colonização. O evento, com tradição nordestina, está em visível extinção, pois poucos bairros de Recife e Olinda ainda mantém essa cultura viva.
Em Peixinhos a tradição já tem 50 anos e leva todos os anos mais de mil pessoas para as ruas na madrugada do dia 23. O público percorre o bairro tocando tambores e levando a bandeira de São João, além de outros símbolos religiosos sincretizados com o orixá Xangô. A ideia é congregar a fé e fazer o divertimento dos participantes ao ritmo do coco.
Como todos os anos, uma casa da comunidade é escolhida para receber a bandeira de São João e dar a festa. Este ano a bandeira vai para a Rua da Harmonia, número 27. No local haverá uma grande roda de coco com o grupo Raízes, além de coquistas e mestres da comunidade.
Em Olinda, os bairros de Amaro Branco, Aguazinha, Águas Compridas e Santa Casa mantém a tradição. No Recife, são cerca de sete bairros: Bairro do Recife, Água Fria, Areias (com 75 anos de tradição), Casa Amarela, Torrões, Várzea e Brasília Teimosa.
Segundo o sacerdote juremeiro Alexandre L’Omi L’odò, a Bandeira de São João era uma procissão organizada pela Igreja Católica. Saia nas primeiras horas do dia 23 de junho, após o acender das fogueiras. Aos poucos os escravos africanos aderiram ao cortejo e aproveitaram para introduzir instrumentos de percussão e louvores ao orixá Xangô.
O ritual terminava quando entregavam a imagem de São João na igreja da comunidade. Com o tempo, a Igreja Católica proibiu a imagem no seu interior, o que ocasionou a divisão do folguedo em duas manifestações: uma religiosa e outra profana. A Bandeira de São João tornou-se uma procissão com rezas e cânticos em louvor ao santo. A festa profana foi chamada de Acorda Povo.
