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Investigação Polícia quer saber se mafioso italiano recebeu apoio da Camorra enquanto esteve no Recife

Publicado em: 28/05/2015 07:25 Atualizado em:

A verdadeira identidade do mafioso Pasquale Scotti, 56, veio à tona, mas o mistério ainda ronda os negócios do italiano no Recife. A Polícia Federal investiga se ele recebeu apoio da Camorra enquanto esteve no Brasil e se as empresas nas quais trabalhou serviam para lavagem de dinheiro do grupo napolitano. Um dos endereços disponibilizados por Scotti é falso.

O italiano foi preso na terça-feira, em operação da Polícia Federal e Interpol, acusado de 26 homicídios. Ele estava foragido há 31 anos e desde 1987 vivia no Recife, onde se casou e teve dois filhos. Ontem, ele foi transferido para Brasília.

Scotti trabalhava como gerente estadual de uma empresa de fogos de artifício, a Piroex Eireli, cuja sede fica em Santo Antônio do Monte (MG). Procurada pela reportagem, a empresa confirmou o cargo do italiano, mas não quis comentar a prisão. Na capital pernambucana, a Piroex funcionaria na Avenida Presidente Castelo Branco, 2842, Candeias. O que existe, entretanto, é um restaurante cujos donos também não quiseram comentar o ocorrido. Os telefones cadastrados, por sua vez, pertencem a um ex-contador da Piroex.

O cadastro da Piroex em Pernambuco, na Receita Federal, aponta outro endereço. A Rua Fernando de Noronha, em Comportas, Jaboatão. Um galpão que estava fechado. “Aqui é um depósito, não funciona nada. Só em épocas de festas aparece alguém”, contou o vigilante Edvaldo Silva, morador do entorno.
A Piroex já foi vencedora de licitações em Olinda, em 2013, no valor de R$ 64 mil e do Cabo, em 2014, com R$ 17,4 mil. A empresa sofreu processo administrativo da Prefeitura do Recife, em 2013.

O atual dono do Sampa Night Club, de onde Scotti foi sócio por quatro meses, disse que recebeu com surpresa a notícia da prisão. O mafioso também foi sócio da Brockers Comércio Importação e Exportação de alimentos. A suspeita inicial é de que ele recebia, anualmente, a visita de italianos no Brasil. Os documentos que ele utilizava, que eram falsos, teriam sido obtidos em Fortaleza, no Ceará.

Vida pacata
Scotti escolheu um endereço peculiar para morar: uma casa a menos de 500 metros do Complexo Prisional do Curado. Ele habitava uma casa verde simples, que divide o terreno com outras duas residências. A mulher e os filhos não foram encontrados para comentar a prisão. Eles se despediram do italiano na tarde da terça-feira, na superintendência da PF no Recife.

Scotti é descrito por vizinhos como tranquilo e calado. No bar que costumava frequentar nos fins de semana, a 50 m de casa, sempre pedia uma cerveja e - vez ou outra - vodca. Papeava sobre o alto custo de morar no Brasil. O passado nunca era citado.

“Ele passava horas conversando com a gente, nunca arrumou uma confusão”, afirmou o dono do estabelecimento, Marcos Carneiro, 52.

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