Drogas Atendidos pelo Atitude são como zumbis em busca da redenção Independente da origem social de cada um, sem-tetos assistidos pelo programa compartilham o perfil dos que perderam tudo para o vício, buscam segurança no grupo e esperam socorro

Por: Celso Ishigami - Diario de Pernambuco

Publicado em: 27/05/2015 10:43 Atualizado em: 27/05/2015 11:25

Dependente químico normalmente busca o programa quando não há mais a quem recorrer. Foto: Roberto Ramos/ DP/ D.A.Press
Dependente químico normalmente busca o programa quando não há mais a quem recorrer. Foto: Roberto Ramos/ DP/ D.A.Press
 

Escravos do vício. O perfil do público assistido pelo Atitude é bem definido. O dependente químico normalmente busca o programa quando não há mais a quem recorrer, já que um dos sintomas da fase crônica da doença é a fragilização dos laços familiares. Depois de abandonarem a vida que conheciam antes das drogas, os usuários muitas vezes formam grupos por uma questão de sobrevivência.

“O morador de rua não tem renda, não pode ir pra casa de ninguém. O morador de rua não dorme tranquilo não. Dorme com um olho no padre e outro na missa. Por isso a gente acaba se juntando em grupo. Enquanto tem uma parte dormindo, fica outra acordada pra cuidar dos outros e das coisas”, explica o dependente Iranilson dos Santos, acampado na Rua estrela.

"Foi uma mudança trágica na minha vida. Eu tinha tudo e hoje não tenho nada...Perdi tudo devido à droga". Roberto Ramos/ DP/ D.A.Press
"Foi uma mudança trágica na minha vida. Eu tinha tudo e hoje não tenho nada...Perdi tudo devido à droga". Roberto Ramos/ DP/ D.A.Press

Filho de um oficial do Exército, Igor Bezerra das Neves, 26 anos, é um dos integrantes mais recentes do grupo do Parnamirim. Viciado em crack desde os 16, ele conta que perdeu tudo por conta da droga e agora busca um recomeço no programa. “Foi uma mudança trágica na minha vida. Eu tinha tudo e hoje não tenho nada. Perdi minha família. Perdi os amigos. Perdi tudo devido à droga. O crack é um fantasma na minha vida. Já menti, já roubei, já me prostituí. Só fiz perder. Nunca ganhei nada”, lamenta.

Como ainda não conseguiu vaga para dormir na sede do Atitude, Igor encontrou guarida no outro lado da rua. “Vim pra cá atrás dessa oportunidade. Vou continuar esperando. O Recife é muito grande. Tem muito usuário de droga na rua e só tem uma casa pra cuidar de todo mundo. Muitos não querem mudar, mas outros querem mudar e não têm oportunidade”.

Argumento do grupo é simples e direto: "Tem muito usuário de droga na rua e só tem uma casa pra cuidar de todo mundo". Foto: Roberto Ramos/ DP/ D.A.Press
Argumento do grupo é simples e direto: "Tem muito usuário de droga na rua e só tem uma casa pra cuidar de todo mundo". Foto: Roberto Ramos/ DP/ D.A.Press
 



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