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Sustentabilidade Grande Recife fora da rota do racionamento Compesa garante que chuvas podem, inclusive, permitir a redução do esquema de rodízio imposto a alguns municípios do entorno

Por: Tiago Cisneiros

Publicado em: 27/04/2015 17:44 Atualizado em: 27/04/2015 18:15

No bairro do Ibura, a Compesa concluiu a modernização do subsistema 4, trocando tubulações antigas, e está  licitando as obras para os subsistemas 2 e 3. Foto: Rodrigo Silva/Esp.DP/D.A Press
No bairro do Ibura, a Compesa concluiu a modernização do subsistema 4, trocando tubulações antigas, e está licitando as obras para os subsistemas 2 e 3. Foto: Rodrigo Silva/Esp.DP/D.A Press
 

Não há risco de ampliação do rodízio no abastecimento de água da Região Metropolitana do Recife. Mesmo com a crise hídrica nacional, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) não trabalha com a possibilidade de o racionamento alcançar novas áreas ou agravar-se naquelas onde já existe. Na verdade, a esperança é que o período chuvoso, ainda em fase inicial, permita a redução dos dias em que parte da população fica sem acesso à água.

Esse é o panorama apresentado pelo diretor Regional Metropolitano da companhia, Fernando Lôbo. Segundo ele, o rodízio de água afeta, sobretudo, as áreas altas dos municípios, devido a problemas na rede de distribuição, e algumas cidades da Zona Norte do Grande Recife, como Olinda, Paulista, Igarassu e Abreu e Lima. Nesse último caso, a principal causa é o baixo nível de água na Barragem de Botafogo, atualmente com 17,1% de sua capacidade, conforme boletim da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac).

Em setembro de 2014, de acordo com Lôbo, a redução no nível do reservatório fez com que a Compesa ampliasse o rodízio nos municípios do entorno. A população, então, passou a ficar três dias sem água e um com. Antes, a proporção era de dois para um. Agora, na pior das hipóteses, o cenário será mantido. “Com aquela decisão, conseguimos aumentar a vida útil da barragem. Fazemos simulações e, durante ou após o novo período de chuvas, vamos ver se é possível retomar o rodízio anterior. Se não chover o suficiente, continuará como está”, explica.

Diretor Regional Metropolitano da Compesa, Fernando Lôbo afirma que, na medida em que as redes forem modernizadas e setorizadas, as populações terão cada vez mais acesso regular à água. Foto: Alcione Ferreira/ Arquivo DP/D.A Press
Diretor Regional Metropolitano da Compesa, Fernando Lôbo afirma que, na medida em que as redes forem modernizadas e setorizadas, as populações terão cada vez mais acesso regular à água. Foto: Alcione Ferreira/ Arquivo DP/D.A Press

Quanto às áreas altas, nas quais a distribuição de água é mais complexa e os rodízios têm durações variáveis, o diretor salienta o desenvolvimento de projetos pela Compesa. Alguns deles estão em execução e outros esperam a liberação de recursos. No bairro do Ibura, Zona Sul do Recife, por exemplo, a companhia já concluiu a modernização do subsistema 4 e, agora, está licitando as obras para os subsistemas 2 e 3. Além da substituição de tubulações antigas, o trabalho inclui a setorização da rede. “Dividindo por distrito, não vamos precisar fechar o abastecimento para uma grande área, se houver estouramento em um local específico”, diz Lôbo. Até o final do ano, aliás, a Compesa espera terminar a setorização no Pina e em Boa Viagem. Outros bairros da Zona Norte, como Graças, Espinheiro, Arruda e Casa Forte, já foram contemplados. “Já trocamos 700 quilômetros de redes e ainda faremos o serviço em mais 1.100 quilômetros”.

A tendência é que, na medida em que as redes forem modernizadas e setorizadas, as populações atendidas tenham cada vez mais acesso regular à água. Isso porque, em muitos casos, o problema é apenas a distribuição, e não o armazenamento. Para grande parte do Recife e da Zona Sul da Região Metropolitana, por exemplo, a disponibilidade foi garantida pelo Sistema Pirapama, concluído no final de 2011.

Foi o que aconteceu na casa da auxiliar administrativa Soledade Miranda, de 48 anos. Há quatro, ela percebeu uma mudança significativa no abastecimento de água no Engenho do Meio, bairro da Zona Oeste do Recife onde mora desde a infância. "Antigamente, era um dia com água e outro sem. Depois, ficou sendo um com e dois sem. Quando fizeram a ligação com Pirapama, melhorou bastante. Hoje, só falta quando algum cano quebra, geralmente por causa do aumento da pressão", conta. Fernando Lôbo confirma que essa é uma causa comum de estouramentos. Segundo ele, os trabalhos de modernização contemplam, também, a adequação à maior intensidade proporcionada pelos sistemas atuais.
De acordo com o último boletim da Apac, nenhum dos nove reservatórios monitorados que se localizam em municípios do Grande Recife está em situação de colapso. As piores situações são as das barragens de Botafogo, em Igarassu (17,1%) e Goitá, em São Lourenço da Mata (18,2%). Na ponta oposta, estão Sicupema (99,8%) e Pirapama (85,6%), ambas situadas no Cabo de Santo Agostinho.

Verbas - O andamento das obras planejadas para a Região Metropolitana depende, de acordo com a Compesa, da liberação de verbas pelo governo federal. O atual quadro de restrição orçamentária, portanto, pode causar a interrupção de alguns projetos em execução. “A gente tem muito dinheiro previsto, mas não sabemos se ele ficará disponível ou não. Estamos indo muito a Brasília, para tentar viabilizar os recurso”, afirma Lôbo. Segundo ele, a transposição das águas do Rio Capibaribe para a Barragem de Botafogo, que reduziria a dependência do regime de chuvas, está entre as medidas comprometidas pela limitação financeira. Apesar disso, o diretor da companhia garante que não há perigo de implantação ou ampliação de racionamento no Grande Recife.

 



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