Alerta Ceatox registra oito mortes por chumbinho só este ano Óbitos dobraram este ano em relação ao mesmo período de 2014

Publicado em: 03/03/2015 08:58 Atualizado em: 03/03/2015 09:15

Foto: Juliana Leitao/DP/D.A Press
Foto: Juliana Leitao/DP/D.A Press
O Centro de Assistência Toxicológica de Pernambuco (Ceatox) registrou apenas este ano, 23 casos de intoxicação por chumbinho, com oito mortes - o dobro quando comparado com o mesmo período de 2014. No ano passado, o número de casos diminuiu para 161 em relação a 2013, quando aconteceram 204 casos. No entanto, a quantidade de mortes continuou alta: 18 registros, contra 19 registradas em 2013.

Desde 2012 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu o comercio do agrotóxico Aldicarb, um dos principais insumos utilizados clandestinamente na fabricação do "chumbinho". Trata-se de um agrotóxico granulado, classificado como extremamente tóxico, que tinha aprovação para uso exclusivamente agrícola, para aplicação nas culturas de batata, café, citros e cana-de-açúcar. Só no ano de 2012, esse produto foi responsável por 60% dos oito mil casos de intoxicação por chumbinho registrados no Brasil. Os motivos do banimento do Aldicarbe do mercado nacional estão relacionados à alta incidência de intoxicações humanas e de envenenamento de animais.

No entanto, de acordo com a coordenadora do Centro de Assistência Toxicológica de Pernambuco (Ceatox), Lucineide Porto, a população está sendo enganada ao adquirir um produto clandestino, erroneamente indicado para o controle de roedores. "O chumbinho não é eficaz contra as colônias de rato. Esse produto ainda é perigoso para os seres humanos, pois sua ingestão pode causar o óbito em poucas horas", avisa. Ela ressalta também que o comércio desse agrotóxico como raticida doméstico é enquadrado como uma atividade ilícita e criminosa.
A população deve denunciar os órgãos competentes caso saiba de pontos de venda.

O chumbinho causa problemas no sistema nervoso, respiratório, cardiovascular, digestivo. Depois da ingestão, a pessoa, pode apresentar diminuição dos batimentos cardíacos, dor abdominal, distúrbios neurológicos, e dificuldade de respirar. Lucineide Porto alerta ainda que o produto pode contaminar uma pessoa no simples contato com a pele ou respiração. Em caso de ingestão, dependendo da quantidade, pode levar à morte.

A pessoa intoxicada precisa ser levada imediatamente ao serviço de urgência mais próximo. Alguns cuidados também são necessários, ainda em casa, até a chegada do transporte, deixar o paciente em lugar seguro, manter as vias aéreas livres, cuidado para o paciente não se machucar, devido a convulsões que podem aparecer. A unidade de saúde deve entrar em contato com o Ceatox para que seja analisado o melhor tratamento. Por ser um produto ilegal, normalmente, várias substância são utilizadas na fabricação, o que dificulta saber ao certo quais os verdadeiros agentes que estarão atuando no organismo.

Desde outubro de 2011, o atendimento dos casos de escorpionismo e de intoxicação exógenas foi descentralizado do Ceatox para toda a rede de saúde. Com isso, o Centro passou a ser a referência para tirar as dúvidas da população e das equipes médicas, por meio do 0800.722.6001, indicando como proceder e qual serviço de saúde buscar.



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