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Evangélicos querem mais atenção de Bolsonaro no Congresso

Publicado em: 13/03/2019 07:55

Sóstenes Cavalcante reclama da falta de atenção do presidente com a bancada que 'ajudou a elegê-lo'. Foto: Heleno Rezende/PSD
A relação de Jair Bolsonaro com a Frente Parlamentar Evangélica, uma das principais do Congresso Nacional, começa a enfraquecer pela falta de articulação do governo no início do mandato. Desde o episódio em que Bolsonaro rejeitou indicações da bancada evangélica para cargos nos ministérios, a relação entre os religiosos e o presidente da República está abalada. O segmento, que foi influente durante a eleição, reclama, principalmente, do afastamento e da falta de conversa.

O deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) reclama da falta de atenção do presidente com a bancada que “ajudou a elegê-lo”. “Nós queremos diálogo. É só isso e nada mais”, disse. O deputado reeleito Johnathan de Jesus (PRB-RR), que também faz parte da frente, ressaltou que o governo, de maneira geral, precisa corrigir o afastamento com o Parlamento. “É preciso começar o mais rápido possível as articulações”, declarou.

Eles também reclamam da atuação do vice-presidente Hamilton Mourão, e das pautas propostas pelos militares. “Cada vez mais, o núcleo militar afeta as nossas pautas, como a não transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém e outros fatos, como o Mourão apoiar o aborto”, enumerou Sóstenes.

Para o cientista político André Rosa, a bancada é uma das principais do Congresso, logo se torna importante para a aprovação da reforma da Previdência, principal pauta do início do governo. “Essa frente constitui a base do governo Bolsonaro. Não é um momento de se desgastar com a base eleitoral, porque eles têm um poder de influência muito forte, sobretudo porque essa legislatura é marcada pela presença de parlamentares de cunho conservador”, explica.

De acordo com o deputado Lincoln Portela (PR-MG), presidente em exercício da Frente Parlamentar Evangélica, a bancada tem entre 100 e 105 parlamentares. Ele acredita que pelo menos 80% deve votar pela aprovação da reforma da Previdência. “Evidentemente há alguns pontos que precisam ser resolvidos e debatidos pelo Congresso como um todo, não só pelos evangélicos”, destaca o deputado.

Sóstenes não acredita em um boicote à reforma. A justificativa é de que, como a bancada evangélica é composta por vários partidos, uma ação conjunta contra a aprovação da proposta seria difícil de articular. Ainda assim, ele reafirmou a falta de sensibilidade do Planalto com os deputados para negociações. “Parlamentar ser tratado desse jeito, sem atenção e diálogo, é coisa de um governo sem sensibilidade política”, afirmou.

Visão positiva
Apesar das opiniões de alguns indicarem um possível enfraquecimento na relação entre o governo e a bancada evangélica, Lincoln Portela afirma que a relação é boa. “Não há afastamento. Ele (Bolsonaro) tem conversado com as pessoas e tem as pautas conservadoras, então não há nenhuma separação”, declara.

O vice-líder do Partido da República (PR) citou algumas nomeações de ministros no início do governo para minimizar o abalo na relação com o Planalto. “Na realidade, Bolsonaro honrou o compromisso. Colocou a pastora Damares Alves como ministra  e Onyx, que é luterano, como ministro da Casa Civil”, ressaltou.
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