Eleições 2018

Maioria dos suplentes dos candidatos a senador são quadros ativos na política pernambucana

Os candidatos titulares das chapas são observados constantemente, porém é preciso também acompanhar aliados e componentes das candidaturas como, por exemplo, ao Senado

Publicado em: 05/10/2018 11:25


A proximidade das Eleições Gerais no Brasil deixam, a cada dia, os brasileiros mais antenados nos fatos políticos do período de campanha eleitoral. Os candidatos titulares das chapas são observados constantemente, porém é preciso também acompanhar aliados e componentes das candidaturas como, por exemplo, ao Senado. Essas chapas são compostas por um titular, eleito senador de imediato caso vença a eleição, e dois "reservas", ou seja, suplentes, que ficam à disposição em virtude de doença, licença, renúncia, entre outras situações, do titular. 

O cientista político Elton Gomes justifica por que é fundamental a participação dos eleitores nesse processo de avaliação e investigação dos suplentes ao Senado: "As nuances passam despercebidas pelos eleitores porque pouco se fala nessa questão [da suplência]. Essa situação também mostra que um senador tenta 'dividir' um mandato como suplente, já que muitas vezes ele disputa eleições de período de seu mandato [8 anos]". 

O comentário de Elton traz, entre outras lembranças, disputas recentes de senadores por outros cargos no Poder Executivo durante o período de mandato no Congresso Nacinal. Por exemplo, o senador Humberto Costa (PT) disputou as eleições para a Prefeitura do Recife em 2012, pouco mais de um ano após ter vencido o pleito para o Senado Federal. Na ocasião, ele ficou em terceiro lugar, com Geraldo Júlio (PSB) sendo eleito prefeito da capital pernambucana. Se tivesse vencido, Humberto seria substituído por Joaquim Francisco, ex-governador de Pernambuco, no Senado. 

Dois anos depois, em 2014, Armando Monteiro Neto (PTB), senador, foi para a disputa do cargo de governador de Pernambuco em oposição ao então candidato governista Paulo Câmara. O petebista foi derrotado e voltou à Brasília, porém, em seguida, foi nomeado ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior no governo Dilma Rousseff, fazendo com que Douglas Cintra assumisse o cargo de Senador da República durante 1 ano e 4 meses, até o impeachment, quando Armando retornou ao posto de titular da vaga parlamentar.

Neste ano, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB) cogitou disputaras eleições para o Governo de Pernambuco, mas não conseguiu ficar com o comando da sigla após sucessivas disputas e trocas de acusações com o grupo do deputado Jarbas Vasconcelos e do vice-governador Raul Henry, atualmente, presidente emedebista no estado. Com isso, FBC decidiu apoiar a candidatura do senador Armando Monteiro (PTB) a governador. 

Em Pernambuco, neste ano, 12 candidaturas foram apresentadas pelos partidos e coligações visando à Casa Alta do Poder Legislativo. As duas principais coligações majoritárias na disputa estadual apresentam nomes conhecidos da política pernambucana nas suplências. No caso da Frente Popular, da base aliada do governador Paulo Câmara (PSB), há a presença do ex-secretário de Desenvolvimento Econômico Fernando Dueire (MDB) e o advogado Waldemar de Oliveira (PR) nas chapas de Jarbas Vasconcelos (MDB) e Humberto Costa (PT), respectivamente. Dueire integrou a pasta administrativa no governo Jarbas, enquanto Waldemar compõe a cota do PR na coligação, sendo fruto de articulação do Palácio do Campo das Princesas com o deputado federal Sebastião Oliveira, com base política em Serra Talhada.

A frente oposicionista "Pernambuco Quer Mudar", que tem o senador Armando Monteiro como candidato ao Governo, possui o deputado federal Jorge Côrte Real (PTB) e o ex-prefeito de Petrolina Guilherme Coelho (PSDB) como suplentes de Mendonça Filho, do Democratas, e Bruno Araújo, tucano, respectivamente. Guilherme tem como bagagem a experiência de ter governado a maior cidade do Sertão e por ter ocupado o cargo de deputado federal por quase dois anos enquanto Bruno foi ministro das Cidades do governo Michel Temer. Côrte Real tem o maior patrimônio declarado à Justiça Eleitoral entre aqueles que disputam a eleição na suplência de senador: R$ 22.017.392,24. Os altos valores nos pertencimentos dos suplentes é algo corriqueiro, inclusive nas disputas eleitorais em outros estados do país. 

Para o cientista político Elton Gomes, a forma como isso vem acontecendo corriqueiramente não causa surpresa. "É uma questão natural. São pessoas que dispõem de recurso e podem deixá-los à disposição do candidato, porque, como se sabe, as eleições no Brasil custam muito caro. Agora, com a proibição da doação empresarial feita pela minirreforma eleitoral, configura-se uma situação na qual a única alternativa ao financiamento partidário é o autofinanciamento, de modo que o candidato que tem votos e muitos recursos consegue convencer e encontrar mais apoios", afirmou o especialista. 

O candidato a senador Silvio Costa (Avante) tem como suplente a professora Carminha Queiroz (PDT), esposa do ex-prefeito de Caruaru José Queiroz. Ela é uma das quatro mulheres que disputam a suplência para o Senado ao lado de Jacira Galvão e Kátia Cunha, do PSOL, e de sua colega de chapa, a também suplente pelo PDT, Ivete da Silva, membro da chapa de Lídia Brunes (PROS). 

Humberto Costa PT
Primeiro suplente: Waldemar Oliveira/PR
Idade: 45 anos 
Escolaridade: Superior completo
Ocupação: Advogado
Patrimônio declarado: R$ 8.009.962,61 

Jarbas Vasconcelos MDB
Primeiro suplente: Fernando Dueire/MDB
Idade: 59 anos
Escolaridade: Superior completo
Ocupação: Servidor público federal
Patrimônio declarado: R$ 3.992.211,10

Mendonça Filho DEM
Primeiro suplente: Jorge Corte Real/PTB
Idade: 67 anos
Escolaridade: Superior completo
Ocupação: Engenheiro e Deputado federal
Patrimônio declarado: R$ 22.017.392,24

Bruno Araújo PSDB
Primeiro suplente: Guilherme Coelho
Idade:56 anos
Escolaridade: Superior completo
Ocupação: Engenheiro
Patrimônio declarado: R$ 4.594.472,06

Silvio Costa Avante
Primeiro suplente: Carminha Queiroz/PDT
Idade: 73 anos
Escolaridade: Ensino médio completo
Ocupação: Professora de ensino fundamental
Patrimônio declarado: R$ 113.440,95

Lídia Brunes PROS
Primeiro suplente: Ivete da Silva/PDT
Idade: 54 anos
Escolaridade: Médio completo
Ocupação: Vereadora de Bom Conselho 
Patrimônio declarado: R$ 110.000,00

Adriana Rocha Rede
Primeiro suplente: Elnatam Barros de Lima/Rede
Idade: 44 anos
Escolaridade: Superior completo
Ocupação: Advogada 
Patrimônio declarado: R$ 50.000,00

Pastor Jairinho Rede
Primeiro suplente: Getúlio Cardoso / Rede
Idade: 37 anos
Escolaridade: Médio completo
Ocupação: Empresário
Patrimônio declarado: R$ 485.541,10

Albanise Pires PSOL
Primeiro suplente: Jacira Galvão/PSOL
Idade: 66 anos
Escolaridade: Superior completo
Ocupação: Advogada
Patrimônio declarado: R$ 248.000,00

Eugênia Lima PSOL 
Primeiro suplente: Kátia Cunha/PSOL
Idade: 43 anos
Escolaridade: Superior completo
Ocupação: Professor de Ensino Médio
Patrimônio declarado: R$ 44.990,00

Gilson Lopes PCO
Primeiro suplente: Ubiracy Olímpio
Idade: 57 anos
Escolaridade: Médio completo
Ocupação: Outros
Patrimônio declarado: nenhum

Hélio Cabral PSTU
Primeiro suplente: Professor Mariano / PSTU
Idade: 53 anos
Escolaridade: Ensino Médio completo
Ocupação: Professor de Ensino Médio
Patrimônio declarado: nenhum


Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL