ELEIÇÕES 2018

A última chance do cara a cara

Candidatos ao governo do estado puderam, no debate da Globo de ontem, confrontar os adversários e propor ideias nesta reta final da campanha

Publicado em: 03/10/2018 08:24

Como nos debates anteriores, houve vários embates, mas também proposições. Foto: Keila Castro/Divulgacao
Na reta final da campanha, quatro candidatos ao governo de Pernambuco participaram ontem do debate promovido pela Rede Globo. Foi o último antes do eleitor decidir no domingo quem deve ser eleito para assumir o Palácio do Campo das Princesas pelos próximos quatro anos. Dividido em cinco blocos, os candidatos Paulo Câmara (PSB), Armando Monteiro (PTB), Maurício Rands (PROS) e Dani Portela (PSol) tiveram a oportunidade de questionar e apresentar suas propostas.

Com tema livre no primeiro bloco, o debate foi marcado pela troca de acusações entre os atuais líderes das pesquisas de opinião. O tema corrupção foi amplamente abordado. Armando Monteiro acusou o governador de mentir para o eleitor e fazer um governo apenas no campo da propaganda, sendo bem diferente da realidade. Pela primeira vez em debate, a Operação Torrentes veio à tona. As investigações apuraram suposto desvio de recursos públicos federais destinados à recuperação das cidades atingidas pelas enchentes na Mata Sul em 2010 e 2017 nas gestões do PSB. 

“Pernambuco assistiu estarrecida essa cena (policiais federais entraram no Palácio das Princesas). O Ministério Público ofereceu denúncias de pessoas mais próximas ao governo. Desviaram dinheiro das pessoas das enchentes na Mata Sul. Esse grupo fez corrupção com o dinheiro público no momento de dar assistência aos flagelados”, acusou Armando. Paulo disse que o petebista quer confundir o eleitor e seu nome não está envolvido na Operação Torrentes. 

O governador mais uma vez foi o principal alvo do debate. Além de abordarem a suposta corrupção no governo do socialista, temas como o combate à violência contra a mulher, segurança pública, educação, transporte, saúde e obras estruturadoras, a exemplo do Arco Metropolitano e da conclusão da Ferrovia Transnordestina, foram discutidos pelos participantes. O candidato Maurício Rands propôs novamente a criação de uma ferrovia de Goiana até Suape para transporte de passageiro e carga.

Rands perguntou a Paulo Câmara se o socialista adotaria sua ideia e teve como resposta a necessidade de um estudo para ver a viabilidade financeira. “O governador teve quatro anos para destravar a Transnordestina e o Arco Metropolitano e não se compromete com a ferrovia para ter o desenvolvimento de Pernambuco”, criticou. 

Dani Portela enfatizou a necessidade do combate à corrupção e disse que no seu governo isso não será tolerado. “Não temos bandidos de estimação”, destacou. O governador voltou a defender a educação em sua gestão, garantindo que Pernambuco trabalha com educação de qualidade para todos. (Aline Moura, Cláudia Eloi e Rosália Rangel)

Obras de infraestrutura e mobilidade em discussão

Paulo Câmara e Armando Monteiro voltaram a polarizar no segundo bloco do debate, ao falar sobre as propostas para as estradas de Pernambuco. Ao reagir a uma pergunta de Armando sobre as rodovias, que segundo o petebista estavam degradadas e inconclusas em vários trechos, como a própria PE 160, Paulo acusou o adversário de desconhecer a crise do país e não trazer obra para o estado enquanto foi ministro de Dilma Rousseff (PT). O socialista ainda acusou o senador de ser um dos responsáveis pelo desemprego no Brasil, “o ministro do desemprego”. “Ele fez os serviços que não se deve fazer, porque ele é patrão, quem é patrão, não olha para os trabalhadores. Pela segunda vez, ele vai perder a eleição para o servidor público que não quer um patrão para governador. O povo de Pernambuco é o verdadeiro patrão”, disse o governador, que prometeu, nos próximos quatro anos, construir mais mil quilômetros de estradas.

Armando citou rodovias que precisam ser feitas e não evoluíram. “O governador vive um governo no faz de contas. Eu ando nas estradas, ele anda de helicóptero. A PE 160 ele não concluiu a obra, nem a 104 ele construiu, aquela que liga Toritama ao Pão de Açúcar. É um governo da propaganda e da mentira”. 

Indagado por Paulo sobre o Passe Livre, se o manteria caso vencesse as eleições, Rands respondeu afirmativamente. “Garanto o Passe Livre e vou cumprir algumas promessas que você fez em 2014 e deixou de fazê-las, como o bilhete único. Vou forçar as empresas de ônibus para que todos da Região Metropolitana do Recife ofereçam conforto aos passageiros, com ar-condicionado, vou estender a estação do metro até a Arena, vou fazer continuar a Via Mangue até Pontezinha”. 

Já Dani se colocou como única candidata mulher da disputa e frisou que, ali, entre os concorrentes, havia 50 tons do PSB, porque todos já participaram, de alguma forma, das gestões socialistas.

Operação Torrentes e Arena entram no jogo eleitoral

O terceiro bloco acirrou ainda mais o clima entre Paulo e Armando. A Operação Torrentes, que já havia sido citada, voltou a ser explorada pelo petebista que provocou o governador a falar sobre o episódio. O socialista afirmou que o petebista, desde o início da campanha, tenta veicular o nome dele à operação e lembrou que o TRE proibiu ele de usar o tema na propaganda eleitoral do PTB. “Isso aconteceu porque ele mente. Não há envolvimento do nome de Paulo em nenhuma dessas operações”.

O governador também acusou Armando de usar indevidamente o nome do ex-presidente Lula (PT), que apoia o nome dele, e de ter colocado a imagem de Eduardo Campos. “Eduardo foi o maior governador de Pernambuco e sabe que Armando o traiu porque só fez votar nos 20 anos que estava no Congresso Nacional contra o trabalhador. Você foi ministro do Trabalho, mas deveria ter sido do desemprego”. 

Armando, por sua vez, disse que o governador mente e foge das respostas. “Então, vou falar o que lhe toca diretamente, que é a investigação do superfaturamento da Arena Pernambuco e você era do comitê gestor. Isso está sendo alvo de investigação. E quero dizer também que você foi alvo de uma delação da Lava-Jato (citado por um dos diretores da JBS), que foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Não quero fazer julgamento, mas não fuja das questões, Paulo”. 

Durante o bloco, Rands (PROS) falou do projeto Pernambuco com o Nome Limpo que, segundo ele, vai tirar do SPC/Serasa mais de 500 mil pernambucanos que estão com os nomes negativados e sem acesso ao crédito. “Esse projeto que vou implantar em Pernambuco vai devolver a capacidade de contrair empréstimo para o cidadão que precisa comprar uma geladeira, uma moto, um carro, um fogão e hoje não pode fazer isso porque perdeu o emprego e não tem mais crédito porque está negativado”, afirmou.

Promessa para professores e foco na energia solar e eólica

Criticado durante a campanha por não ter conseguido dobrar o salário do professor, como prometeu na campanha de 2014, Paulo Câmara assumiu, ontem, um novo compromisso com essa categoria. Segundo ele, da mesma forma que 6,5 mil alunos se beneficiaram com o programa Ganhe o Mundo, os professores terão direito a participar desse programa. Paulo aproveitou para elogiar os professores pelo desempenho positivo da educação do estado no Ideb. “Temos os melhores professores do Brasil. Quero dizer para os professores, nos próximos quatro anos, que o programa Ganhe o Mundo, que beneficia 6,5 mil alunos, vai ser ampliado para os professores”.

Paulo, por sua vez, foi criticado por Armando e Rands pelo tratamento que deu aos servidores, aos fornecedores e terceirizados. Armando disse que Paulo sofreu críticas dos professores, dos policiais militares e civis e não teve diálogo ou transparência com a categoria, o que foi contestado. Paulo agradeceu aos servidores por ter passado pela crise econômica de cabeça erguida. Já Rands criticou a falta de pagamento dos fornecedores, que chega a uma dívida de R$ 1,4 bilhão, o que ajudou a quebrar empresas. 

Em outro momento do debate, ao se posicionar contra a privatização da Eletrobras e suas subsidiárias, como a Chesf, Rands assumiu um novo compromisso: construir uma empresa de distribuição de energia solar e energia eólica, para aproveitar o potencial do Sertão. Dani criticou Paulo por enfatizar a repressão no combate à violência, enquanto Paulo citou a redução da criminalidade. “Foi justamente quando o Pacto pela Vida completou 10 anos (em 2017), que registrou o maior número de violência. Então, esse pacto foi feito pela vida de quem?”
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