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ELEIÇÕES 2018

'Educação será uma obsessão', declara Maurício Rands, candidato ao governo pelo PROS

O candidato apontou problemas em setores como educação e estradas, ressaltando que é preciso atrair novos investimentos para Pernambuc

Publicado em: 04/09/2018 08:16

Foto: Nando Chiappetta/DP
Ex-deputado federal, o advogado Maurício Rands (PROS) pretende aumentar a produtividade em 20% no setor da saúde através da implantação do prontuário eletrônico. Em sabatina realizada pelo Diario, em parceria com o Politéia, Instituto de Política da Unicap, o candidato ao governo do estado ressaltou que pretende investir na valorização dos profissionais de saúde, com a adoção de gratificações por performance. “Vamos realizar mutirões nas diversas regiões e unidades de saúde para resolver de imediato o gargalo das filas e das pessoas que precisam marcar consultas e intervenções cirúrgicas”.

O candidato também apontou problemas em setores como educação e estradas, ressaltando que é preciso atrair novos investimentos para Pernambuco e investir em disciplinas essenciais, como Português e Matemática. Caso seja eleito, Rands também garantiu que vai trabalhar em conjunto com os prefeitos pernambucanos para melhorar o ensino fundamental. “No meu governo vamos ter obsessão para apoiar os governos municipais, não só com recursos, mas com treinamento, com envolvimento da comunidade, com captação de tecnologia que possa fazer com que desde o ensino fundamental a rede oficial propicie boas condições de ensino”.

Com três mandatos de deputado federal, passagem pelos setores público e privado e por organizações internacionais, o candidato disse ainda que pretende utilizar a sua articulação em diversos órgãos em prol do estado. Sobre o atual momento político, ressaltou que “a política foi ao fundo do poço” e que “as pessoas estão irritadas”, mas voltou a reiterar que seu palanque não representa uma candidatura convencional. Confira abaixo os principais pontos da entrevista.

Saúde
Nosso primeiro passo vai ser realizar mutirões nas diversas regiões e unidades de saúde para resolver de imediato o gargalo das filas e das pessoas que precisam marcar consultas e intervenções cirúrgicas. Mas isso não basta. É preciso ter uma concepção de mudança estrutural na saúde. Vou implantar o prontuário eletrônico para todas as pessoas que vão ser cobertas pela rede do SUS em Pernambuco. Esse prontuário eletrônico, com todos os dados de saúde da pessoa, vai evitar o retrabalho, fazendo com que a produtividade nas unidades de saúde seja maior. O Ministério da Saúde aponta que a ferramenta pode aumentar a produtividade em até 20%. Vou dar  ênfase grande na integração dos sistemas de gestão, que são esses sistemas de informática, softwares que são contratados individualmente pelas unidades de saúde. Só que elas não dialogam entre si. A terceira medida vai ser a valorização do servidor. Vou criar gratificações por performance. Por exemplo: se (os agentes) reduzem as arboviroses, se fazem mais atendimentos pré-natal, gera-se índice e o agente ganha uma bonificação para atuar muito na prevenção de saúde. Tenho também um grande apoio dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem… Essa categoria precisa ser mais motivada para melhorar o atendimento. Isso é com diálogo, fazendo com que as entidades dos servidores de saúde participem comigo das soluções dos problemas do setor. 

Participação do governo federal na gestão
Para tudo vamos chamar a responsabilidade do governo federal. O Brasil tem uma repartição de receita tributária que é muito iníqua. Com os estados ficam as responsabilidades de segurança, de saúde, da educação, que envolvem a contratação de grandes contigentes de servidores e, portanto, muitas despesas de custeio. E a administração (federal), que colhe a maior parte dos tributos no Brasil, fica só com a sinalização de diretrizes. Sei como caminhar em Brasília. Fui deputado federal durante três mandatos e fui líder de bancada de governo. Ainda hoje chego em Brasília e vejo amigos nos ministérios, nas repartições, no Congresso Nacional, em todos os partidos. Esse capital político eu construí em 12 anos representando o povo de Pernambuco. Vou trazer de volta para que o governador de Pernambuco tenha mais protagonismo em Brasília e possa trazer mais recursos, não só para a saúde e educação, estradas e segurança, mas participar ativamente até mesmo da reforma tributária. 

Investimentos
Estamos vivendo quase uma ressaca cívica. Tivemos muitas esperanças. Veja Pernambuco com aquelas obras estruturadoras: integração da Bacia do São Francisco, Ferrovia Transordestina, a própria refinaria (Abreu e Lima), o polo automobilístico (…) Só que de três anos e meio para cá o estado não teve grandes investimentos. Está na hora de nós retomarmos essas obras. E não basta ficar só reclamando e terceirizando a culpa, é preciso saber o que nós podemos fazer. Sei como fazer essa articulação em Brasília, não só no setor público, mas também com o setor privado. O investimento está ficando na Bahia ou está passando de avião e pousando em Fortaleza. É preciso que venha para o Recife. Temos uma vocação natural pelo nosso Porto Digital, pelas universidades como a Católica, a UFPE, pela criatividade do povo de Pernambuco, pelo maior capital humano que o estado tem. 

Estradas
Tenho andado pelo estado e as estradas estão destruídas, as cidades do interior se sentem isoladas. E elas me perguntam o que vou fazer para integrar mais o desenvolvimento. Não é parodiando Washington Luis (ex-presidente), que lá atrás disse que governar é construir estradas. Mas você também não integra o estado de Pernambuco se as cidades ficam sem estradas para conectá-las. Vamos ter que ter muita criatividade na engenharia. Estudei muito o mecanismo de financiamento que se chama project finance, financiamento de projeto (…) Qual o conceito? É que você atrai investimentos a partir da condição que um investidor tem de saber que vai ter receita. Se vai ter receita, que em direito chamamos de recebíveis, ele vai ao mercado financeiro e contrata o financiamento para fazer aquela obra. (…) Vou recuperar as estradas e construir uma série de outras através de mecanismos como project finance. 

Segurança Pública
Precisamos envolver de verdade todos os segmentos da sociedade. É preciso revigorar essas instâncias em que as pessoas não sejam só figurantes. A violência hoje é seletiva. Ela é potencialmente ameaçadora de todos, mas morrem mais negros e jovens da periferia nas grandes cidades. Temos que colocar as entidades que representam verdadeiramente esses setores para que eles participem ativamente da concepção das soluções. Temos que ter olhar diferenciado para segmentos que são mais atingidos pela violência e preciamos investir mais em tecnologia. É preciso valorizar tanto a Polícia Civil quanto a Militar, mas é também necessário investir em aparelhamento, em tecnologia para que possamos ter atividade tanto de prevenção quanto de repressão qualificada. É preciso investir na construção de mais unidades prisionais descentralizadas e humanizar os presídios. 

Educação
Vamos levar este modelo de escola integral e semi-integral para as 1050 unidades. Nós temos modelo que está na direção correta, mas que ainda é muito limitado, abrange 378 escolas. Então, fica um estudante de primeira e segunda classe. No meu governo vai ser uma obsessão (a melhoria da educação). Eu sei como cavar recursos federais. Vou trazer muito mais recursos do que Pernambuco está trazendo para que nós possamos universalizar o modelo da educação integral e da escola semi-integral. E vamos cada vez mais envolver a comunidade. A educação pública não é um assunto apenas de professores e alunos, é de pais e das entidades da sociedade civil. Nós hoje temos algumas conquistas feitas pelo governo Eduardo Campos, pelo governo Paulo Câmara, mas nós temos que avançar muito porque alguns sinais já nos preocupam. Às vezes temos indicadores positivos quando estão (em análise apenas um) indicador, como a questão da repetência. Na escola de Pernambuco há um índice muito menor do que em outros estados, mas isso é só um indicador. Quando vamos ver índices na Matemática e no Português, que são disciplinas essenciais para a formação dos alunos, Pernambuco está ficando em 11º, 13º lugar. Eu vou atacar essa questão da qualidade em matérias essenciais. Já há uma deterioração na qualidade da educação no estado.

Prefeituras
Não dá para o governador dizer: a responsabilidade legal, direta do estado é com o ensino médio, e aí faço vistas grossas para a base do ensino médio, que é o ensino pré-escolar, ensino fundamental I e II. É claro que muitos municípios, paupérrimos que são, não têm como propiciar isoladamente uma boa educação. No governo Maurício Rands, vamos ter obsessão para apoiar os governos municipais, não só com recursos, mas com treinamento, com envolvimento da comunidade, com captação de tecnologia que possa fazer com que desde o ensino fundamental a rede oficial propicie boas condições de ensino. As pessoas que têm ensino fundamental I e II com mais qualidade vão chegar ao ensino médio com mais qualidade. Isso é compromisso que faço. Se vier a governar Pernambuco, não deixarei os municípios isolados. 

Seca
Nós temos soluções que são ousadas, e estamos inclusive dialogando com a experiência de Israel, da dessalinização, porque houve saltos tecnológicos recentes que vão tornar economicamente viável a utilização da água do mar para o consumo das pessoas, das empresas, na agricultura e pecuária. Vamos continuar também utilizando nossa força política, nossa articulação que construímos em 12 anos em Brasília, para avançar obras como a integração da Bacia do São Francisco, que hoje está paralisada.

Menos  favorecidos
Estamos construindo políticas para a educação, para a saúde, para a segurança pública, para a geração de emprego que vão melhorar a vida, sobretudo, dos mais desfavorecidos. Minha vida toda a opção foi preferencial pelos pobres, desde quando comecei, ainda na faculdade de Direito, estagiando para a Comissão de Justiça e Paz Dom Helder Camara. Tive a honra de trabalhar, na época da ditadura militar, defendendo os movimentos sociais. Depois, trabalhei durante mais de 20 anos advogando para os sindicatos de trabalhadores. E agora, se tiver honra de governar Pernambuco, eu vou trabalhar com as organizações da sociedade civil, atraindo investimentos para gerar emprego e melhorar as condições de vida da nossa gente. Vamos centrar nosso governo para combater todas as discriminações, como eu fazia na Organização dos Estados Americanos (OEA). Eu trabalhava em programas de combate às discriminações contra negros, homossexuais, indígenas, pessoas idosas, pessoas com deficiência.  

Avaliação do cenário político
A política foi ao fundo do poço. É uma campanha totalmente diferente. As pessoas estão muito irritadas. Fui chamado para voltar a disputar mandato eletivo em Pernambuco justamente a partir da constatação de muitos segmentos da sociedade que querem que políticos não convencionais, pessoas com experiência política, mas com renovação de métodos que possam se apresentar para ajudar a transformar a política. Uma das ideias da minha candidatura é essa reconstrução e reinvenção da política. Reconectar a política com as pessoas normais, com as entidades da sociedade civil. Venho com uma experiência de três mandatos de deputado federal, de líder da bancada do partido do presidente Lula na Câmara dos Deputados, presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), mas não sou um político convencional.


Estrutura de campanha e alianças políticas
Não estou vindo aqui disputar o governo com grandes estruturas. Essas grandes estruturas de 14 partidos numa coligação, 16 partidos em outra, a gente já sabe no que dá. Quando eles chegam ao governo, loteiam os cargos públicos e aumentam a ineficiência que aflige a sociedade. Só o fato de a gente vir com um histórico e com uma coligação mais harmônica, que não é essa coligação de partidos frankesteins, às vezes partidos com propostas políticas antagônicas, com pessoas que mal podem frequentar o mesmo palanque. De repente, em casamentos de conveniência, essas pessoas se juntam nessas mega coligações. A gente sabe no que dá: a repetição das velhas práticas da política. A minha coligação vem para renovar a política em Pernambuco.
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