ELEIÇÕES 2018

Privatizações em xeque na eleição

Concessão da Eletrobras, e por tabela da Chesf, além da negociação do Aeroporto do Recife terão reflexo nas urnas, segundo os especialistas

Publicado em: 18/08/2018 12:17

Foto: Chesf/Divulgação
Muito embora não tenham o poder político para decidir o futuro da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) e do Aeroporto Internacional dos Guararapes, que estão no radar das privatizações propostas pelo governo federal, os candidatos ao Palácio do Campo das Princesas certamente tocarão no assunto ao longo da campanha eleitoral deste ano. E o discurso em torno da temática pode ter reflexo no desempenho dos postulantes nas urnas, de acordo com especialistas.

Subsidiária do sistema Eletrobras, a Chesf é uma das geradoras que podem ser desestatizadas. Com sede no Recife, a empresa ainda é responsável pela gestão das águas do Rio São Francisco, através do controle de vazão nas usinas de Sobradinho e Xingó. O debate em torno da privatização do sistema teve início em agosto do ano passado a partir de uma proposta do Ministério de Minas e Energia, na época comandado pelo deputado federal pernambucano Fernando Filho (DEM). 

O argumento utilizado foi de que a medida daria competitividade e renderia R$ 20 bilhões aos cofres do governo.

O anúncio gerou uma série de reações, sobretudo da bancada federal nordestina, que classificou a medida como uma forma de privatizar o São Francisco. Governadores do Nordeste, incluindo Paulo Câmara (PSB), posicionaram-se contra. Entre os defensores da privatização está o próprio presidente da Chesf, Fábio Alves, que vê na desestatização uma solução para trazer mais eficiência e competitividade à estatal. Diante da resistência dos parlamentares, que adiaram a votação do projeto diversas vezes, a proposta foi arquivada e só voltara à pauta em 2019.

O Aeroporto do Recife foi incluído no programa nacional de desestatização do governo federal em outubro do ano passado. O terminal deverá ser licitado ainda neste ano, juntamente com aeroportos de outras cinco cidades. O valor do investimento no terminal recifense será de R$ 858 milhões. O deputado federal Felipe Carreras (PSB) fez diversas críticas ao formato de privatização do terminal recifense. No mês passado, ele ajuizou uma ação na Justiça Federal para barrar o processo, que continua tramitando.

“Se algum candidato for favorável às privatizações, as chances de perda de voto são grandes. Isso porque, da forma como foi posto pela própria mídia, quem é favorável à privatização da Chesf concordaria com a privatização do São Francisco”, diz o cientista político Thales Castro. “O mesmo não se observa no que tange ao Aeroporto do Recife, já que não é um tema tão sensível como a Chesf”.

Cientista político do Cedepe Business School, João Paulo Gomes afirma que grande parte dos eleitores já tem sua opinião formada sobre o assunto e dificilmente os candidatos conseguirão mudar esse ponto de vista. “Quando Paulo, Armando ou qualquer outro candidato colocar o tema na mesa, traz votos que eles já sabem que são do eleitorado deles”, diz. “Paulo atraiu a esquerda e faz a defesa da candidatura de Lula. É natural que ele parta para um discurso nacionalista, em defesa do patrimônio público. Já Armando não sei se vai defender publicamente a privatização”, acrescenta.
 
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