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Marília admite soberania do PT nacional sobre sua candidatura no estado

Pela primeira vez, candidata da legenda ao governo do estado delega a decisão final sobre candidatura no estado para a cúpula do partido

Publicado em: 07/06/2018 06:00 | Atualizado em: 07/06/2018 15:59

Candidatura ao governo foi estimulada inicialmente por Lula, mas petista está isolado e ainda trabalha para obter o apoio nacional do PSB para a sua candidatura. Foto divulgação/assessoria/marília arraes
Aline Moura

aline.moura1@diariodepernambuco.com.br


A vereadora Marília Arraes manteve, ontem, o discurso de que vai tocar a candidatura própria ao governo do estado, um dia depois de se encontrar, em Brasília, com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffman (PR). Mas ela admitiu que a decisão final será do Grupo de Trabalho Eleitoral comandado por Gleisi, principal porta-voz do ex-presidente Lula. Segundo Marília, a divisão no PT estadual atingiu um nível elevado, de modo que a melhor forma de se chegar a um consenso é esperar a decisão da executiva nacional, que tem esperanças de tirar Lula do isolamento com apoio de outros partidos, como PSB. Foi a primeira vez que Marília reconheceu o fato de a conjuntura nacional ser soberana a do estado. Antes, ela estava apostando todas as fichas na votação que receberia dos delegados do PT no evento do próximo domingo. Os 300 titulares e 300 suplentes foram convocados para votar pela candidatura própria ou pela aliança com o PSB estadual, mas o encontro foi adiado para o final de julho por Gleisi. Segundo a vereadora, as votações estaduais serão “homologatórias” do que for acordado pela nacional.

Lula é prioridade do PT nacional e esse discurso venceu. Ele está preso em Curitiba, mas terá o nome lançado ao Palácio do Planalto, hoje, em Belo Horizonte, com a presença de lideranças petistas de Pernambuco. O evento na capital mineira se realiza, coincidentemente, um dia depois de o ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda (PSB) receber o apoio oficial do PDT e do Pros para concorrer ao governo do estado contra o PT. Lacerda cogitou a possibilidade de ser vice-presidente do presidenciável Ciro Gomes (PDT), mas negou a intenção de apoiar a reeleição do governador Fernando Pimentel (PT). “Tem três meses que esse assunto surgiu, e ele vem sendo repetidamente requentado na imprensa. Essa hipótese nunca existiu como proposta ou decisão a ser tomada”, declarou Lacerda. O apoio dos socialistas a Pimentel estava sendo esperado para que o PT nacional liberasse a aliança dos petistas em Pernambuco com Paulo Câmara.

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Esse é um dos pontos que a ala favorável a Marília observa com atenção. O PSB nacional não tem feito acenos confiáveis de que vai apoiar a candidatura de Lula, como cobra Gleisi Hoffman. Os socialistas justificam haver insegurança jurídica para apoiar Lula e também levam em consideração, por exemplo, o fato de o governador de São Paulo, Márcio França (PSB), defender o palanque de Geraldo Alckmin (PSDB).

Em entrevista à rádio CBN, Marília está confiante de que ainda pode convencer a cúpula nacional petista, porque o próprio PT nacional encomendou uma pesquisa, viu os números e percebeu que o índice de rejeição do governador Paulo Câmara (PSB) é alto. “O consenso é que Pernambuco precisa ter uma candidatura própria, mas nós já chegamos à conclusão que o desgaste tem sido muito grande na discussão local e essa decisão tem que ser da nacional, vai estar condicionada a acordos nacionais de composição de aliança formal com diversos partidos, inclusive com o PSB”. Marília afirmou, contudo, que o partido vai se reunir para discutir o programa de governo e está motivado para disputar as eleições em raia própria.

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De voz rouca e pausada, o presidente estadual do PT, Bruno Ribeiro, não perde a paciência em meio a mais uma divisão interna do partido, postura que já produziu derrotas políticas nas urnas do estado em 2012, 2014 e 2016. Hoje (06), um dia depois de Marília Arraes (PT) e do governador Paulo Câmara (PSB) se encontrarem com Gleisi Hoffmann (PT), em Brasília, em horários diferentes, o petista fez ponderações. Disse que a reunião entre Gleisi e Paulo Câmara não tinha sido decisiva, mas, ao mesmo tempo, afirmou que, se o PSB nacional fizer o gesto de apoiar a candidatura de Lula, não haverá conflitos de retribuir e defender a reeleição do governador em Pernambuco. Para Bruno, esse seria um gesto maior que reaproximaria os dois partidos, adversários desde 2012.

Bruno tem se esforçado para não abrir arestas com Marília ou com senador Humberto Costa, que também é respeitado por Lula e defende a aliança com o PSB. Viajando para o interior do estado, onde participaria de um evento da Federação dos Trabalhadores Rurais, Bruno falou com o Diario por telefone.

O presidente estadual disse que o encontro do governador Paulo Câmara com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, não foi decisivo. Segundo ele, até agora o PSB não fechou apoio a Lula, da mesma maneira que o PT estadual não tomou partido sobre a aliança com os socialistas.“Caso essa aliança nacional se concretize, esse será um movimento de reaproximação e nós, que estamos distantes. Essa aliança decorreria de um realinhamento de forças diante do agravamento da crise política do país, da pauta imposta pelo governo Temer.Em torno da solução da maioria do povo brasileiro, se o PSB se soma a esta pauta e a esta candidatura (de Lula), a aliança ocorre sem contradição”.

Bruno Ribeiro frisou que, nesta quinta-feira, em Belo Horizonte, haverá o lançamento nacional da pré-candidatura de Lula e todos os presidentes dos estados foram chamados para participar. Ele ficará na capital mineira até sábado, porque vai conversar com Gleisi e discutir a conjuntura estadual e nacional. Ele disse que os outros presidentes farão o mesmo.

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