Carga emocional no lançamento da pré-candidatura de Lula, em Belo Horizonte

Ato político foi realizado num hotel de Belo Horizonte e Dilma leu uma carta do ex-presidente, na qual ele diz que só não vai disputar as eleições se a vida lhe faltar

Publicado em: 09/06/2018 06:00 | Atualizado em: 08/06/2018 23:24

Carta de Lula foi lida pela ex-presidente Dilma Rousseff. À direita, está Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT. PAULO TI/AGÊNCIA F8/ESTADÃO CONTEÚDO
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O PT apostou na carga emocional, ontem, no pré-lançamento da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto, tratado pelos petistas como o único capaz de resgatar a “pacificação” no país. Antes do evento, o primeiro impacto foi a divulgação do jingle “O Brasil feliz de novo”, que enfatiza a mensagem de resgate da esperança e de “Lula livre”. “Chama que o homem dá jeito”, diz um trecho da música, tocada no ritmo de forró, numa homenagem ao Nordeste, região onde ele tem o maior favoritismo. O ápice do ato político foi a leitura de uma carta escrita por Lula, preso em Curitiba há dois meses. O texto foi lido pela ex-presidente Dilma Rousseff, afastada do cargo por um impeachment em 2016.


“E assim, vou me preparando, com fé em Deus e muita confiança para o dia do reencontro com o querido povo brasileiro. E esse reencontro só não me ocorrerá se a vida me faltar”, escreve Lula, no intitulado “Manifesto ao povo brasileiro”.


Na carta, o petista afirma que, de todas as campanhas da qual participou, a de 2018 é a mais importante. Ele manteve o discurso de ser um “preso político”, condenado sem provas, e voltou a criticar o juiz Sérgio Moro, bem como o Tribunal Regional Federal. “Tive muitas candidaturas em minha trajetória, mas esta é diferente: é o compromisso da minha vida. Quem teve o privilégio de ver o Brasil avançar em benefício dos mais pobres, depois de séculos de exclusão e abandono, não pode se omitir na hora mais difícil para a nossa gente”, escreveu.


O evento de pré-lançamento foi realizado num hotel de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, com a presença dos governadores e dos caciques petistas, a exemplo do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. No local, máscaras com o rosto de Lula foram distribuídas aos presentes. “Se Lula continuar preso, não há possibilidade de ter pacificação. Não só por causa da prisão dele, mas por conta do que ele representa em termos de buscar essa pacificação. Na época do Lula, o Brasil tinha pacto social, vivíamos com prosperidade, a economia acertada, as pessoas sendo mais felizes”, declarou Gleisi, antes de subir ao palco.


O único governador petista ausente foi Camilo Santana (CE-PT), um dos articuladores da candidatura do presidenciável Ciro Gomes (PDT). O pedetista recebe a simpatia dos socialistas que veem a manutenção da candidatura de Lula como uma “intransigência” e um risco jurídico, o que é contestado por Gleisi. Entretanto, para evitar que o PSB confirme o apoio a Ciro, os petistas cogitam, agora, oferecer a vaga de vice-presidente na chapa de Lula ao ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda (PSB). A investida é uma das principais apostas do partido, porque Lacerda negou, nesta semana, a possibilidade de apoiar a reeleição do governador mineiro Fernando Pimentel (PT), que corre o risco de isolamento político. O gesto de Lacerda foi um baque para os petistas, porque enfraqueceu o único palanque forte do partido fora eixo Norte e Nordeste.


O evento foi transmitido ao vivo pelo site do PT. O público presente estava de vermelho e “esperança” foi uma das palavras mais citadas nos discursos dos presentes. Não faltaram gritos de guerra da militância. “A história faz Justiça”, discursou Haddad, dizendo que apenas a imprensa e o mercado financeiro não estão interessados na liberdade de Lula. “O mercado financeiro” também virou alvo do governador Rui Costa (BA) e do líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ). “O mercado está assustado. Eles descobriram que vão perder a eleição. Eles nem têm candidato”, disse Lindbergh.

O senador Humberto Costa (PT) e a vereadora Marília Arraes estiveram presentes, cumprimentaram-se, mas não conversaram. O governador Fernando Pimentel incitou a militância a repetir a mesma frase que ele mencionava e foi atendido. “Nós queremos marcar um encontro com o senhor”, afirmou ele, sendo copiado pela plateia. O ato político foi finalizado com o depoimento de uma jovem negra, nordestina, filha de trabalhadores rurais e estudante de administração. Ela deu testemunho sobre como ela e a vida de sua família mudaram no governo. O evento terminou com o “olê, olê, olá, Lula”.

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