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Editorial: Dose fracionada é eficaz contra febre amarela

Publicado em: 15/02/2018 10:48

Um estudo publicado ontem na revista científica New England Journal of Medicine traz uma notícia boa para o Brasil: constatou que as doses fracionadas da vacina contra a febre amarela são uma medida adequada para controlar a epidemia. O fracionamento das doses tem sido aplicado no país. Segundo o resultado da pesquisa, a proporção de pacientes que reagiram positivamente ao serem tratados com as doses fracionadas é idêntica ao registrado entre aqueles que receberam a dose padrão. Com esta sistemática, é possível imunizar as pessoas e conter surtos da doença.

“Esse resultado é importante, levando em conta o risco global de epidemias de febre amarela, como mostrou o Brasil em 2017, quando mais de 26 milhões de doses de vacinas contra a febre amarela foram distribuídas para controlar uma epidemia no início do ano”, afirmaram os autores no estudo.

Em Pernambuco até agora não temos casos confirmados da febre amarela. Não há risco de transmissão da doença no estado, que está incluído no monitoramento do Ministério da Saúde como Área sem Recomendação de Vacina (ASRV). Para quem vive aqui, não há necessidade de vacinação, a não ser para aqueles que pretendem viajar para os estados onde há risco de transmissão, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em relação a Minas, estado duramente atingido pela epidemia em 2017, há uma singularidade: lá o modelo aplicado tem sido o das doses integrais, e não fracionadas. Isso porque os municípios mineiros estão com estoque suficiente de doses integrais para atender toda a população que ainda não recebeu a vacina. No Brasil, o total de casos regis trados chega a 353. A infecção pode ser fatal: pelo menos 98 pessoas já morreram em decorrência da doença.

A dose fracionada é equivalente a 20% da dose padrão. O fracionamento permite, com a mesma quantidade do produto, multiplicar por cinco o total de pessoas vacinadas. O temor era que, ao fracionar, a vacina ficasse menos eficaz. O modelo, no entanto, é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O estudo publicado na New England Journal of Medicine teve financiamento do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos. Seu objetivo foi avaliar a eficácia do modelo numa campanha de vacinação realizada em larga escala, e a amostra para a pesquisa foi um programa nacional de vacinação ocorrido no Congo, em 2016. Uma vez que o país não dispunha de suprimento em quantidade suficiente para realizar a vacinação com doses integrais, o governo congolês aplicou o modelo da dose fracionada - que é produzida no Brasil, pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fiocruz (Biomanguinhos).

Óbvio que os casos até agora registrados de febre amarela são suficientes para causar preocupação e demonstrar que não podemos negligenciar o problema, mas as conclusões dessa pesquisa apontam no sentido de que o Brasil está preparado para enfrentar a doença.
 
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