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Editorial: Vacinação prioritária

Publicado em: 18/01/2018 07:08

As autoridades do setor de saúde garantem que medidas necessárias para o combate à febre amarela estão sendo tomadas em todas as esferas competentes, dentro dos parâmetros estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). É justamente isso o que se espera para que não se repita o surto registrado no ano passado, responsável pela morte de mais de duas centenas de pessoas infectadas pelo vírus da mesma família dos da dengue e da zika, doenças que vêm castigando a população há nuitos anos, sendo a primeira endêmica no país.

A gravidade da ameaça da febre amarela pode ser avaliada por duas medidas recentemente adotadas: a primeira, pelo governo de São Paulo, que antecipou a campanha de vacinação para o final deste mês (estava prevista para se iniciar em fevereiro), e a segunda, pela OMS, que declarou todo o estado mais populoso do Brasil como área de risco e recomendou a vacinação a todos os estrangeiros que forem viajar para lá, pelo menos 10 dias antes do deslocamento.

Duas mortes ocorridas anteontem, no interior do Rio de Janeiro, também reacenderam o sinal de alerta das autoridades sanitárias daquele estado. Neste ano, já são três óbitos em terras fluminenses. Foi confirmado, em Belo Horizonte, que mais uma pessoa faleceu em consequência da enfermidade, elevando para 12 o número de mortes causadas pela febre amarela desde dezembro passado, em Minas Gerais.
Diante do avanço da doença, principalmente na região Sudeste, as secretarias de saúde estaduais, com os executivos municipais, vêm se mobilizando para expandir a imunização. No entanto, são muitas as reclamações ante a falta de doses da vacina nos postos credenciados. O Ministério da Saúde garante que não há desabastecimento do medicamento. Porém, não é difícil de se observar grandes filas nos locais de vacinação, principalmente nas grandes cidades perto de onde o vírus já se manifestou, seja por meio da morte de macacos ou da contaminação de humanos.

O grande risco é o aparecimento de casos da febre amarela urbana, mais letal do que a silvestre, a registrada até agora. Nos aglomerados urbanos a doença é, invariavelmente, transmitida pelo Aedes aegypti, também vetor da dengue, que prolifera com mais facilidade no verão. Diante da necessidade de imunizar o maior número de pessoas possível, o Ministério da Saúde decidiu fracionar a dose da vacina com o objetivo de atingir maior contingente de imunizados.

O grande desafio hoje é conseguir fazer a cobertura vacinal de forma abrangente e eficiente. Em São Paulo, por exemplo, a meta é vacinar 7,8 milhões de pessoas, quando no ano passado apenas 7 milhões receberam a dose. No Rio de Janeiro, somente 40% da população foi vacinada e a expectativa é de que mais 8 milhões sejam imunizadas neste ano. Em Minas Gerais, a situação é menos preocupante, já que a cobertura vacinal alcança 81% dos mineiros, o que significa que 3,6 milhões ainda podem ser vacinados.

As autoridades devem conscientizar a população de que a vacinação é prioritária, mas para isso têm de disponibilizar os meios necessários para tal. Também têm de empregar todos os esforços para mobilizar os cidadãos, cada vez mais, no combate ao mosquito da dengue, pois seria desastroso o surgimento de um surto da forma urbana da febre amarela, de consequências imprevisíveis.
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