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STJ discute em audiência importação e plantio de cannabis medicinal

Expositores defenderam uso medicinal da cannabis. Anvisa informou que autorizou 11 mil pedidos de importação de sementes para fins terapêuticos



Primeira Seção do STJ promove audiência pública para discutir uso de cannabis sativa para a produção de medicamentos (foto: Emerson Leal/STJ)
Primeira Seção do STJ promove audiência pública para discutir uso de cannabis sativa para a produção de medicamentos (foto: Emerson Leal/STJ)

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) discutiu, nesta quinta-feira (25), a importação e plantio de cannabis com baixo teor de THC para fins medicinais, farmacêuticos e industriais. Entre os expositores, ou seja, autoridades e especialistas que debateram ao longo do dia, a maioria defendeu a autorização da substância.

 

A audiência pública foi solicitada pela ministra Regina Helena Costa, que é relatora do Incidente de Assunção de Competência 16 (IAC 16), instaurado ano passado pela Primeira Seção da Corte.

 

Segundo a magistrada, foram recebidos 55 pedidos de pessoas e instituições interessadas em participar da audiência, sendo que do total, 48 favoráveis "à autorização para importação e cultivo das variedades de cannabis com baixo teor de THC, e sete defensoras da tese de que não há amparo técnico ou científico para tal medida".

 

Presente na discussão, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apresentou estudos que comprovam que a substância traz melhoria na qualidade de vida de pessoas com epilepsia, dor neuropática crônica, náuseas associadas à quimioterapia e outras. O órgão informou que autorizou 11 mil pedidos de importação de sementes ou produtos ligados a maconha para fins medicinais em janeiro deste ano.

 

 

Debate amplo

 

O representante do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Bruno César Gonçalves da Silva, afirmou que esse tema está dentro da política de drogas. Segundo ele, há um grupo de trabalho que aborda especificamente a questão da cannabis medicinal, em especial diante de casos de pessoas que enfrentam acusações criminais por cultivar a planta para tratamentos.

 

"Há pessoas que possuem autorização para importar, mas não têm condições financeiras para isso nem conseguem pelo poder público o medicamento a tempo, e buscam a alternativa de cultivar, mas sofrem o risco de serem enquadradas na Lei de Drogas", disse.

 

Para ele, é fundamental uma disposição normativa para o Poder Judiciário lidar com essas situações, e o órgão é favorável à regulamentação da matéria. "É um caso de saúde, e não de polícia. Temos que tirar essa situação do âmbito penal", concluiu.

 

O ministro do STJ Rogerio Schietti Cruz afirmou que o tema deve ser debatido "sem preconceitos" e que deve ocorrer um debate com base na ciência. "Já passou do tempo de deixarmos de tratar o assunto como política criminal; devemos tratá-lo como uma política de saúde pública. Não é mais possível ver tantos brasileiros sendo perseguidos criminalmente por estarem cuidando de sua saúde", disse.

 

 

Relato pessoal

 

Cláudia Marin, representante da Associação Canábica em Defesa da Vida, relatou que o filho dela tem epilepsia de difícil controle e que vê no composto uma chance de dar qualidade de vida para a criança.

 

Ele foi o primeiro paciente de Marília (SP) a usar cannabis medicinal. A mulher contou que o filho chegava a ter 80 convulsões por dia, e reduziu para 50 após o uso do óleo de canabidiol (CBD). Segundo ela, depois da administração do óleo de espectro amplo produzido por terapeuta, as crises convulsivas cessaram, em aproximadamente quatro dias.

 

"Em meio a tanta dor e humilhação, decidimos não parar. A maconha fez a diferença na vida do meu filho, mas ela poderia ter feito muito antes. Com o óleo, meu filho ficou quatro dias sem as crises, ele voltou a sorrir... coisas simples", relatou.

 

Durante a discussão, o subprocurador-geral da República Aurélio Virgílio Veiga Rios criticou a ausência do Ministério da Saúde na audiência. Ainda serão ouvidos laboratórios, associações, institutos, pesquisadores, médicos e o deputado Osmar Terra (MDB-RS), que é favorável a PEC das drogas.

 

 

Confira as informações no Correio Braziliense

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