Diario

Editorial: Mudanças climáticas

Publicado em: 16/01/2018 07:21

Poucos sabem, mas as mudanças climáticas têm provocado a diminuição da presença de oxigênio nos oceanos, o que pode comprometer a saúde ambiental do planeta em larga escala, pois, ao contrário do que muitos pensam, não são só as florestas que representam o pulmão do mundo. Na verdade, é da água dos oceanos que vem o oxigênio necessário para garantir a vida na Terra. E os efeitos desse fenômeno não se limitam ao meio ambiente, tendo também consequências danosas para a população costeira que depende de atividades econômicas ligadas ao mar, como a pesca, hotelaria e o turismo como um todo. A previsão de especialistas é  que os países em desenvolvimento serão os mais prejudicados, como o Brasil, com seus 7,3 mil quilômetros de litoral.

O alerta foi dado por um estudo de pesquisadores do projeto GO2NE (Rede Oxigênio Oceânico Global), grupo criado há dois anos pela Comissão Intergovernamental Oceanográfica das Nações Unidas. O levantamento é o primeiro a analisar as causas, consequências e possíveis soluções para a queda nos níveis de oxigênio nos oceanos e nas águas costeiras. Os cientistas concluíram que, nos últimos 50 anos, o volume de água com zero de oxigênio na composição quadruplicou, sendo que em zonas costeiras como estuários e mares, locais com baixa concentração do elemento aumentaram mais de 10 vezes desde a década de 1950.

A conclusão inicial é que o declínio do elemento está entre os efeitos mais graves da atividade humana no meio ambiente, já que aproximadamente metade do oxigênio da Terra vem dos oceanos. Os cientistas ressaltam que os efeitos combinados do escoamento de nutrientes e as mudanças climáticas estão aumentando o número e o tamanho das zonas mortas no oceano aberto e nas águas costeiras. Mas não são apenas as zonas mortas que preocupam.

Mesmo pequenas quedas na oxigenação podem inibir o crescimento de animais, comprometer a reprodução, provocar doenças e levar à morte, o que reflete diretamente na atividade econômica de milhões de pessoas que dependem da pesca para sobreviver. Ademais, o problema também pode desencadear a liberação de químicos extremamente perigosos, como o óxido nitroso, gás de efeito estufa até 300 vezes mais poderoso do que o dióxido de carbono, o grande vilão do aquecimento global.

Soluções para o problema existem, mas dependem do engajamento dos governantes mundiais. Os países têm de reforçar seus compromissos ambientais, principalmente, com o combate à poluição, causada por resíduos de toda espécie, e com as mudanças climáticas, ou seja, o aquecimento global. A proteção à vida marinha também deve ser reforçada, bem como o rastreamento e o monitoramento das zonas mortas, especialmente nos países em desenvolvimento, para a adoção de medidas concretas, que não podem mais ser postergadas.
TAGS: " | ambiente | meio | oxigenio | alerta | crise | problema | clima |
Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL