Segovia Novo diretor da PF questiona se 'uma única mala' é suficiente para incriminar Temer O diretor também chegou a afirmar que se a apuração do caso estivesse 'sob a égide da Polícia Federal', em vez da PGR, a corporação pediria mais tempo para avaliar 'se havia ou não corrupção'

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 20/11/2017 21:55 Atualizado em:

O novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, afirmou em entrevista após sua cerimônia de posse no Ministério da Justiça que 'uma única mala' poderia não ser prova suficiente para condenar o presidente Michel Temer em sua denúncia de corrupção passiva, apresentada pelo ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot. Ao comentar sobre as filmagens que mostram o ex-deputado e ex-assessor de Temer, Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) com uma mala de dinheiro entregue por um executivo do Grupo J&F, Segovia afirmou que 'uma mala talvez não desse toda a materialidade criminosa' contra Temer.

O diretor também chegou a afirmar que se a apuração do caso estivesse "sob a égide da Polícia Federal", em vez da Procuradoria-Geral da República (PGR), a corporação pediria mais tempo para avaliar "se havia ou não corrupção". Em junho, no entanto, a própria Polícia Federal entregou um relatório ao Supremo Tribunal Federal (STF), no qual afirmava que as evidências colhidas na investigação indicavam "com vigor" que Temer teria, de fato, cometido o crime de corrupção passiva.

Em resposta às críticas de Segovia, Janot rebateu que a fala do diretor mostra 'desconhecimento da legislação e do trabalho feito pela própria Polícia Federal'. "A pergunta que não quer calar é: ele se inteirou disso ou ele está falando por ordem de alguém?", questionou Janot à Folha de São Paulo.

"Não era um preso qualquer, era um deputado federal que andou com uma mala de R$ 500 mil em São Paulo, depois consigna a mala (devolve à polícia). Faltava 7% do dinheiro, ele faz um depósito bancário para complementar o que faltava, e o doutor Segovia vem dizer que isso aí é muito pouco? Para ele, então, R$ 500 mil é muito pouco. É estarrecedor", disse. Segundo a denúncia da PGR, o destinatário final da propina seria o presidente Temer. A atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge, não comentou o caso. Questionada a respeito das declarações de Janot, a assessoria de imprensa da PF afirmou que "não tem interesse em alimentar essa fogueira armada".


MAIS NOTÍCIAS DO CANAL