Diario de Pernambuco
Busca
OPINIÃO Leonardo Cerquinho: Por que transportamos tanto ar e impostos? Leonardo Cerquinho é Diretor Presidente |Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco - ADDIPER

Publicado em: 14/11/2017 07:06 Atualizado em:

Nas apresentações que faço sobre Pernambuco, costumo perguntar à plateia se eles saberiam dizer qual o elemento mais transportado no mundo. As respostas se concentram em petróleo, grãos ou minérios. Me divirto com a expressão de estranheza de alguns quando afirmo, sem medo de errar, que este seria o ar! Isso mesmo, o ar! Basta olhar para dentro do nosso próprio processo logístico para identificar que, em geral, sobra muito espaço nos nossos caminhões e containers, seja entre as caixas, seja dentro das caixas. Claro que este não se configura a maioria dentro de cada unidade de transporte, mas a soma de cada espaço perdido, em cada frete que se faça, dá uma quantidade enorme de nada!  
Parto dessa provocação para demonstrar que, muitas vezes, existe uma enorme ineficiência no atendimento ao mercado nordestino de consumo. Carretas com cereais em flocos transitando por 3.000km, a partir da região Sul, com apenas 7 toneladas de carga. Medicamentos acondicionados em drágeas, embalados em cartelas, dentro de uma pequena caixa, dentro de outra caixa maior, sendo transportados a partir de São Paulo para a região Nordeste. Determinados produtos de higiene e limpeza, cujo peso é composto basicamente por água e embalagem, rodando 2.000km. Produtos de alto valor agregado, cujo transporte já montado se mostra extremamente mais complexo do que em partes, facilmente integráveis em alguma localidade mais próxima do mercado consumidor, dentre muitos outros exemplos que pude perceber ao longo destes anos.  
Estes “desaforos logísticos” eram facilmente suportáveis no período de bonança da economia brasileira e, portanto, passavam despercebidos. Hoje, quando cada real conta, qualquer possibilidade de redução de custos é muito bem-vinda. Portanto, o discurso de atração de negócios para o Estado de Pernambuco necessariamente migrou do “invista no mercado que mais cresce” para “mude seus processos para reduzir custos”. Temos incentivado as empresas a redesenharem os seus modelos logísticos, utilizando Pernambuco como base, mirando o atendimento de toda a região Nordeste. Sejam processos de montagem, integração, envase ou outro qualquer, trata-se de novas operações no Estado que poderão, no futuro, tornarem-se processos mais densos e mais intensivos em mão de obra e capital. 
É importante reforçar que os ganhos não são só logísticos. Mantendo-se a provocação inicial, eu diria que o segundo elemento mais transportado (senão o primeiro) seriam impostos. O Nordeste tem uma matriz de incentivos fiscais sofisticada e consolidada, já chancelada por grandes grupos com forte presença na região.  A depender da margem aplicada sobre o produto, o simples fato de faturá-lo ao cliente final a partir de Pernambuco já otimiza e viabiliza a operação. Os ganhos financeiros também não são desprezíveis, pois o faturamento em um momento subsequente, mais próximo dos clientes, posterga o pagamento de boa parte dos tributos, reduzindo o esforço de caixa da operação.  
A convalidação dos benefícios fiscais, que deve ocorrer em dezembro deste ano, amparada na lei complementar 160, vai disciplinar a segurança jurídica tão aguardada. A LC 160 trará ainda limites de prazos para os benefícios fiscais, que serão de 5 anos para incentivos à distribuição, 8 para incentivos à importação e 15 anos para incentivos à industrialização. Isto só vem a reforçar o discurso da importância das empresas revisitarem seus modelos logísticos, e apostarem em operações mais completas, com industrialização, e assim usufruir de benefícios fiscais mais abrangentes e longos. 
A mensagem que quero deixar clara aqui é “As oportunidades existem, desde que os modelos logísticos e fiscais sejam observados e estudados profundamente”. 
O momento é agora! A retomada econômica é um fato e leva o pote de ouro quem estiver desde já preparado para este novo contexto pós-crise. O estado de Pernambuco, com sua vocação logística e base industrial consolidada, está preparado e disponível para apresentar as melhores ferramentas de otimização fiscal e logística para viabilizar novos negócios para a região Nordeste.


MAIS NOTÍCIAS DO CANAL