Diario Editorial: A tragédia por motivos banais

Publicado em: 16/11/2017 07:08 Atualizado em:

Qualquer que seja o dia, qualquer que seja o estado do Brasil, ao acessar o noticiário a gente sempre vai encontrar alguma notícia trágica sobre pessoas que se desentenderam por motivos fúteis e o desentendimento acabou em homicídio.
 
Na madrugada de terça-feira, por exemplo, em São Paulo (capital), o motorista de um carro bateu em um ônibus e não parou. O condutor do ônibus, Joaquim Pereira de Souza, de 61 anos, que estava a caminho da garagem, alterou a rota e seguiu atrás do veículo causador do acidente. Mais adiante há o encontro, uma discussão, o motorista do carro pega um revólver, dispara três vezes e mata Joaquim.
 
Agora em Minas: o corpo do professor Antônio Leite Alves Radicchi, de 63 anos, foi velado ontem no salão nobre da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas (UFMG), onde ele ensinava. Terça-feira ele entrou em um ônibus, em Belo Horizonte, e teve uma discussão com outro passageiro. Acabou sendo morto com 10 facadas.
 
Em Pernambuco, no dia 28 de outubro, o empresário Leonardo Spinelli, de 34 anos, foi assassinado a tiros na Rodovia PE-27, em Aldeia (Camaragibe), após uma briga de trânsito. O autor dos disparos, o aposentado Adalberto Ferreira da Silva, de 66 anos, apresentou-se à polícia dois dias depois, prestou depoimento e foi liberado em seguida. No último dia 7 a Justiça determinou a prisão do agressor, mas até agora ele não foi encontrado. Spinelli deixou viúva e uma filha de 3 anos, que estavam com ele no momento do assassinato.
 
É uma lista sem fim de tragédias que destroem famílias e causam estupor e indignação em todos nós. Casos originados de conflitos entre vizinhos, brigas, discussão, desavenças, desentendimentos no trânsito… Às vezes por motivos os mais banais. E que poderiam ter sido evitados caso houvesse: a valorização da vida do outro;  a tentativa de buscar uma solução pacífica em uma situação conflituosa,  a qual, por mais razão que tenha uma ou outra das partes, não justifica um homicídio; a consciência em admitir erros, e responsabilizar-se por eles; a compreensão por parte de quem cobra o erro de que é preciso corrigir sem ofender e orientar sem humilhar; a convicção de que o mais prudente é não agir sob impulso e que problemas banais podem sim, ser resolvidos em paz, sem colocar em risco a vida de ninguém.
 
Ao nos conscientizarmos disso, damos nossa contribuição individual para a paz. Em uma sociedade civilizada não cabem comportamentos que nos tornam todos homicidas ou vítimas em potencial.


MAIS NOTÍCIAS DO CANAL