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Opinião Alexandre Rands Barros: Semana de ações positivas Alexandre Rands Barros é economista, PhD pela Universidade de Illinois, presidente da Datamétrica e do Diario de Pernambuco

Publicado em: 11/11/2017 07:58 Atualizado em:

A semana que se encerra hoje foi marcada por discussões em torno da reforma da Previdência e o lançamento do programa Avançar, que prevê investimentos de R$ 130,9 bilhões até dezembro de 2018. Após a última votação que derrubou o afastamento do presidente Temer, o governo federal tenta retomar uma agenda positiva que possa impulsionar a retomada econômica. Promoção das perspectivas de equilíbrio fiscal e maior investimentos em infraestrutura que possam atrair investimentos privados são os caminhos buscados. A ideia de priorizar no Avançar conclusões de obras já iniciadas traz uma boa notícia, pois tem sido tradição no Brasil se iniciar muitas delas e levar poucas até sua conclusão. Na reforma da Previdência, a redução de seu alcance, com diminuição das mudanças, levou a pessimismo nos mercados, o que provocou inclusive uma queda nas cotações das ações na Bovespa. Nesse último caso, a queda das bolsas internacionais também contribuiu para as quedas verificadas aqui.

A reforma da Previdência recebe ainda uma oposição forte dos funcionários públicos de alta remuneração, pois eles hoje são quem provocam o maior rombo da Previdência e mais se beneficiam das distorções atuais. Obviamente, as centrais sindicais, que têm se postado socialmente como amantes de Nosferatu, e colaborado com muita intensidade para afundar o Brasil, sempre prontas a defender privilégios para pequenos grupos e que lesam a maior parte da população, também têm se mobilizado contra a reforma, apesar de a maioria de seus filiados se beneficiarem bastante dela. Acertadamente, contudo, o governo federal resolveu ir à luta e tentar preservar os interesses do Brasil. Infelizmente, teve que reduzir o seu escopo para conseguir aprovar, pois os nossos deputados são na sua maioria representantes de fato da classe média alta, principalmente da que vive em função do setor público.

O Avançar por sua vez vai fazer muito pouco. Basicamente se tenta com ele animar os empreendedores e a população. Mas os limites orçamentários são grandes para um plano de maior fôlego e tem se percebido que a fragilidade política do Governo Temer reduz muito sua capacidade de atuação macro, tendo que se concentrar muito no toma-lá-da-cá da política de nossos representantes no Congresso Nacional. Consequentemente, o seu alcance será limitado e ainda corre o risco de sofrer muita frustração em sua execução.
Apesar dos problemas acima apresentados, que reduzem a capacidade do governo federal de impulsionar a economia, ainda assim a segurança de que o Governo Temer vai até o final de 2018 tem provocado mudanças positivas nas expectativas e maior confiança nos agentes econômicos. Isso por si já tem contribuído para colocar a economia em um caminho de recuperação econômica. Os dados mais recentes todos têm corroborado com essa previsão.

Há um grande risco percebido pelos agentes, que é a sucessão do atual presidente. As indefinições quanto aos possíveis sucessores e algum radicalismo de algumas opções com chances reais de vitória fazem com que os agentes econômicos ainda estejam em posição conservadora. Consequentemente, apesar dos investimentos já estarem retomando, isto tem ocorrido de forma muito lenta. Diante disso, a retomada tem sido mais impulsionada pelo consumo, já que os consumidores estão ganhando mais confiança na sua renda futura e por tal vêm reduzindo sua poupança. Em Pernambuco esse processo está sendo mais lento, contudo, ele também já é perceptível. A boa safra de cana e o fim da seca em várias regiões do estado fizeram com que a agropecuária tenha tido um papel fundamental nessa recuperação em nosso estado.


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