Opinião Valéria Barbalho: Um ícone do País de Caruaru Valéria Barbalho é escritora

Publicado em: 06/10/2017 07:19 Atualizado em:

No sábado 19 de agosto, fui para a Homenagem a Onildo Almeida. O evento organizado pelo presidente do Instituto Histórico de Caruaru, Walmiré Dimeron, com o apoio do empresário Djalma Cintra Filho, aconteceu no Espaço País de Caruaru, do Polo Comercial da Terra de Vitalino. Na ocasião houve o lançamento de um livro e a projeção de um documentário sobre o homenageado, uma exposição de discos e fotos do seu acervo pessoal, além de depoimentos de amigos e familiares e de um bate papo com esse compositor. Emocionado, Onildo agradeceu, cantando várias de suas canções, entre elas a imortal “A Feira de Caruaru”. Sensacional! 

Voltei para casa tão entusiasmada que decidi, também, homenageá-lo, escrevendo algumas linhas sobre ele. Para tanto, procurei dados nos escritos do meu pai, que era fã do seu primeiro parceiro musical. Muitos não sabem, mas a primeira música que Seu Nelson compôs, em 1957, foi “Capital do Agreste”, em parceria com Onildo, em homenagem ao centenário da cidade. Gravada por Luiz Gonzaga, num disco de 78 rpm, junto com “A Feira de Caruaru”, fez sucesso na época.

Encontrei vários registros nelseanos sobre Onildo. Escolhi trechos do livro “Vasto Mundo – Panorama visto do Monte” (1981): “Antigamente se dizia que todo 13 de agosto é dia de o Diabo andar solto no meio do mundo, dia aziago, por conseguinte. Pois bem, sem ser diabólico e sem ter cauda de capiroto, deu as caras neste vale de lágrimas, exatamente em 13 de agosto de 1928, um velho e querido amigo meu: Onildo Almeida, o menino da Ponte Velha, no País de Caruaru, filho de Zinha, que era excelente tocador de bandolim, violão, banjo e violino, integrante destacado da orquestra de cordas do saudoso Bloco Carnavalesco Lira Independente, dos velhos carnavais caruaruenses. Zinha era José Francisco de Almeida, comerciante de secos e molhados, casado com Flora Camila de Carvalho Almeida, havendo, por seu leito, os seguintes filhos: Ivanilda, Onildo, Letícia, Idelcina, José, Zenilda e Cleide”. Consta ainda no referido livro que: “Onildo, com apenas oito anos de idade, já cantava no coro da igreja evangélica; foi oficial de alfaiate, aprendiz de João Boinha, na Alfaiataria João Barbalho; fez o curso secundário no Ginásio de Caruaru, no tempo de Dr. Luiz Pessoa; na vida artística, estreou como crooner de orquestra matuta na sede do Esporte Clube Caruaruense; sua primeira composição musical, em 1945, foi o fox intitulado, ‘Não me abandones’; ainda em 45, chegou a tocar na Jazz Acadêmica, no Recife, mas seu lugar era Caruaru, onde se realizaria como músico e excelente compositor que é; a sua grande chance profissional ocorreu em setembro de 1951, com o surgimento da Rádio Difusora de Caruaru, na qual integrava o conjunto vocal, ‘Os Caetés’, junto com o inesquecível Luiz Queiroga e outros rapazes; na Difusora, Onildo foi homem de sete instrumentos: cantor, controlista, redator, crítico musical, a gota.” Por fim, seu Nelson afirma: “Onildo Almeida, um nome que é uma legenda no cancioneiro popular nordestino, oxente!”. Esta é a minha homenagem a esse ícone do País de Caruaru!
 


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