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Opinião Luciana Grassano Melo: Para sair da crise Luciana Grassano Melo é professora de Direito da UFPE

Publicado em: 10/10/2017 07:28 Atualizado em:

Para sair da crise é preciso diálogo. Até porque uma crise pode ter conseqüências muito sérias... Pode até distribuir riqueza. E alguém pode sair perdendo com isso, inclusive você.

Para sair da crise é preciso conversar muito. E ter estômago de elefante para engolir muito sapo. Porque diz a prudência que não é à toa que carregamos dois ouvidos e apenas uma boca.

Mas quando essa boca falar é essencial que preze pela coerência do discurso. E descortine todas as culpas, as traições, as omissões e as mentiras que provocaram tamanho estrago.

É preciso uma dose cavalar de tolerância para se suportar as medidas restritivas e de austeridade impostas. Anúncios de cortes nos serviços e instabilidade no peso da moeda de troca que provocam catástrofes em nossas ações.

Para sair da crise nem pense que one size fits all, ou seja, que a receita é sempre a mesma, porque são diferentes as realidades por trás de cada crise.
Por isso mantenha uma boa rede de amigos e leituras que possam atualizá-la sobre o estado de outras crises. É bastante cruel dizer isso, mas realmente conforta saber que existem crises piores que as nossas.

Para sair da crise é preciso bom senso. Cada um de nós somos credores e devedores ao mesmo tempo e as crises normalmente se instalam quando é grande a desproporção entre quanto se recebe e quanto se dá em retorno. Às vezes pode ser uma questão de custo, já que para uns custa muito mais exigir do que pra outros demandar.

Mas o mais importante é não acreditar que para sair da crise é necessária a sua submissão como um ato de heroísmo em nome do bem comum. Do contrário, serão pilhadas todas as suas forças e extorquidas as suas melhores riquezas.

Para sair da crise, é preciso senso de oportunidade. Até porque, quanto mais cedo sair do estado de resignação e do choque,  mais fácil será substituir um estágio de esgotamento por uma nova estratégia, mais participativa e mais resolutiva. E esse é um caminho que só se trilha por dura experiência.

Finalmente, para sair da crise é importante ter um pensamento menos negativo. É impossível sair da crise se acreditar que não tem saída para ela. Excesso de negatividade se transforma em desânimo e depressão. Sobre isso, já enuncia um aforismo antigo: “Os pensamentos são isentos de impostos. Mas acabamos tendo problemas do mesmo jeito”.


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