Opinião Luiz Griz: Osteoporose: doença de grande impacto na saúde pública Luiz Griz é professor de Endocrinologia (UPE), Doutor em Ciências pela Fundação Oswaldo Cruz e pós-graduado em Metabolismo Ósseo no City Hospital (Nottingham, Reino Unido)

Publicado em: 15/09/2017 07:20 Atualizado em:

A osteoporose é uma doença esquelética sistêmica, progressiva, silenciosa, caracterizada por uma diminuição da densidade mineral óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, resultando num aumento da fragilidade óssea e susceptibilidade para as fraturas. A doença está associada a um aumento da morbidade, mortalidade e de grande ônus econômico para o estado, levando a um enorme impacto na saúde pública. Nos Estados Unidos os custos anual decorrentes das fraturas osteoporóticas são em torno de 17 bilhões de dólares e espera-se duplicar ou triplicar esses custos em 2040, sendo que 70% desses custos são decorrentes das fraturas de colo de fêmur.

As mulheres, por ter um pico de massa ósseo menor que os homens e uma perda óssea maior a partir da menopausa, têm mais riscos de desenvolver a osteoporose que os homens.  Uma em cada três mulheres a partir dos 50 anos experimentará uma fratura e nos homens um em cada cinco. As fraturas osteoporóticas mais frequentes são as vertebrais, colo de fêmur e de punhos.

As fraturas de colo de fêmur são as mais devastadoras e geralmente resultantes de queda, afetando principalmente pacientes na idade avançada, levando ao óbito em 5% a 20% destes no primeiro ano. Além disso, 50% ficam incapacitados de exercerem as mesmas atividades anteriores. Por ser uma doença silenciosa até que uma fratura ocorra, é importante identificar os sujeitos com fatores de risco para a doença tais como: Pacientes com má absorção intestinal por doença celíaca ou cirurgia bariátrica; uso prolongado de glicocorticoide ou inibidores da aromatase (usado no tratamento do câncer de mama); pacientes portadores de hipogonadismo e artrite reumatoide; níveis baixos de vitamina D; baixa ingestão de cálcio na dieta; história familiar de fratura de colo de fêmur e baixo índice de massa corpórea. O diagnóstico da osteoporose é feito através do exame da densitometria óssea.

Infelizmente, mais de 50% dos pacientes portadores de osteoporose não sabem que tem a doença. Daí, a Sociedade Internacional de Densitometria Óssea recomendar a realização do exame da densitometria óssea nos seguintes casos: mulheres a partir dos 65 anos e homens a partir dos 70 anos; mulheres na transição menopausal com fatores de risco clínico para fraturas; adultos com fratura de fragilidade; pacientes portadores de artrite reumatoide; uso prolongado de glicocorticoide e sujeitos com doença ou condição associada à baixa massa óssea. O Rx simples de coluna dorsal e lombar também é importante para identificar as fraturas morfométricas que podem surgir sem história de trauma.

A prevenção da osteoporose é fundamental e as recomendações incluem uma ingestão adequada de cálcio na dieta, suplementação de vitamina D, evitar tabagismo e excesso de bebidas alcoólicas e incentivar a prática de atividades física. Existe uma ampla variedade de medicações disponível para o tratamento específico da osteoporose e o objetivo é aumentar a resistência óssea e reduzir o risco de fraturas. Na escolha da terapia devemos levar em consideração a eficácia da droga, efeitos adversos, custos, adesão ao tratamento e função renal. É dever das sociedades médicas e dos gestores de saúde do serviço público, alertarem à população sobre o impacto da osteoporose com campanhas educativas para prevenção da doença e oferecer os meios diagnósticos e terapêuticos adequados.
 


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