Aliança PMDB volta a flertar com grupo de FBC e Fernando Filho Presidente nacional do partido se reuniu com o ministro e o senador, em meio ao debate da reforma política, para oferecer o comando da legenda no estado, mas Fernando Bezerra não deu respostas definitivas. Há uma corrente que acredita que essa proposta foi feita só para enfraquecer a pretensão de Jarbas Vasconcelos (PMDB) de ser o candidato ao Senado.

Por: Aline Moura - Diario de Pernambuco

Publicado em: 24/08/2017 07:00 Atualizado em: 23/08/2017 21:31

Romero Jucá quer que FBC se filie ao PMDB, mas senador não deu resposta. Ele aguarda o desfecho da reforma política. Geraldo Magela/Senado/Arquivo
Romero Jucá quer que FBC se filie ao PMDB, mas senador não deu resposta. Ele aguarda o desfecho da reforma política. Geraldo Magela/Senado/Arquivo

Em meio ao debate acalorado sobre a reforma política, o presidente nacional do PMDB, Romero Jucá, reuniu-se com o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, e o senador Fernando Bezerra Coelho, ambos do PSB, para convidá-los a migrar para o PMDB. De forma muito polida, Fernando Filho disse que, no caso de sair do PSB, cogita mesmo ir par o novo DEM, que se chamara Mude, porque conseguiria formar um grupo político maior. Já o senador, seu pai, deixou as portas abertas: não disse sim ou não. O parlamentar sabe que, se aceitar o convite, a legenda peemedebista pode lhe dar um tempo excelente de televisão no guia eleitoral em 2018. E isso pode pesar a favor de uma eventual candidatura majoritária. Ou, quem sabe, aumentar a sua força para negociar com o governador Paulo Câmara, que precisa do PMDB para a sua campanha. 

A partir do convite de Jucá, uma ideia que vem sendo analisada por todos os ângulos pelo grupo dos Coelhos, cujo principal reduto é Petrolina, é que o ministro se filie ao Mude, enquanto FBC assine a ficha do PMDB. Jucá é próximo do vice-governador Raul Henry, que comanda o PMDB estadual, mas o presidente nacional da sigla está se movimentando para enfraquecer os espaços de outro peemedebista, o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB), que pode ser candidato ao Senado na chapa do governador Paulo Câmara (PSB). Jarbas recebeu apenas uma suspensão partidária por ter votado “sim” à abertura das investigações de corrupção contra o presidente Michel Temer, mas o núcleo peemedebista não engoliu sua posição.

Na avaliação de fontes ouvidas em reserva pelo Diario, ao abrir as portas para o FBC, o PMDB nacional pelo menos quer pressionar Raul a não sair de chapa de Paulo Câmara e manter Jarbas distante. Foi como um aviso. E a pressão, ao que parece, tem funcionado. Paulo Câmara e o prefeito do Recife, Geraldo Julio, viajaram para Brasília e conversaram com peemedebistas para fazer as sondagens do clima. Geraldo Julio também procurou Fernando Filho e se comprometeu em abrir um espaço maior de diálogo com o grupo dos Coelhos. Ele teria explicado que Paulo Câmara não o tem procurado porque não quer tratar de eleições este ano. O ministro teria ouvido as explicações do prefeito com certa ressalva. Ele se queixou, na semana passada, que, se o governo não escuta seu grupo político, teoricamente com muita força no Sertão, imagine outros socialistas que não têm o mesmo espaço de poder. Outra consideração que Filho fez a aliados foi a seguinte: “Paulo não quer conversar sobre eleições, mas já reservou a vaga de senador para Jarbas? Isso é muita contradição”

Com receio de perder o PMDB como aliado, Paulo Câmara também tem enviado interlocutores para conversar com o ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), e tentar uma reaproximação. Sendo que Bruno já disse a amigos tucanos que os socialistas romperam com o PSDB num momento em que o partido precisava de aliados e agora querem fazer as pazes justamente numa fase em que Bruno está ganhando vitrine com uma série de inaugurações do Minha Casa, Minha Vida no interior de Pernambuco. Bruno está bem fechado à possibilidade de retomar a aliança com o PSB, mesmo que goste de alguns socialistas, como a prefeita de Arcoverde, Madalena Brito, a quem fez muitos afagos nesta semana. Para se ter uma ideia do distanciamento com o núcleo do PSB, Bruno hoje vai anunciar R$ 1 bilhão de investimentos para obras de contenção de encostas e de saneamento ambiental para a Região Metropolitana do Recife, sendo R$ 125 milhões do PAC para o Recife, mas o anúncio será feito no seu escritório, já para não dar margem ao PSB usar os recursos como conquista do prefeito. 

Diante de um quadro onde o PSB pode ficar mais isolado, um socialista teria procurado Renata Campos, esposa de Eduardo Campos, morto num acidente de avião, e dito a ela que Paulo está fazendo um governo com técnicos que “não têm sensibilidade política” e não escutam a população. Na conversa, afirmou a ela que era preciso dar uma guinada no governo e fazer Paulo entender que os técnicos nem sempre tem o mesmo contato com as necessidades dos municípios.



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