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Diario Editorial: Liderança do Brasil

Publicado em: 18/08/2017 07:20 Atualizado em:

O fortalecimento do Mercosul é de fundamental importância para a economia dos países signatários e dos demais da América do Sul, como ficou evidenciado no último encontro de cúpula da organização realizado em Mendoza, na Argentina. Mais significativo ainda foi o consenso de que é urgente a retomada dos objetivos iniciais do bloco, como a prioridade para a liberdade do comércio e para a abertura de mercados, relegados a segundo plano nos últimos 15 anos. Isso porque os governos de cunho populista do passado deixaram de lado as negociações comerciais externas dentro do bloco, um dos pilares do acordo, e privilegiaram temas políticos e sociais, sem dúvida relevantes, mas que fogem do foco do tratado.

De vital importância foram decisões concretas como o compromisso de se conseguir até o fim do ano uma declaração política para a finalização do acordo comercial com a União Europeia (EU), tantas vezes protelado por incompatibilidades ideológicas retrógradas, a continuação das negociações com a área econômica europeia (Effa) e a assinatura de protocolo de cooperação e facilitação de investimentos, com a remoção de inadequadas barreiras burocráticas que atrapalham a livre circulação de mercadorias.
Não menos importante é o aprofundamento do acordo de comércio com a Colômbia, parceria que sem dúvida contribui para o fortalecimento das economias do Mercosul, e o compromisso de concluir até dezembro um acordo de compras governamentais entre os países-membros. Destaca-se, ainda, as tratativas em torno da solução dos problemas na infraestrutura dos países signatários, com manifestações de apoio ao corredor ferroviário ligando os oceanos Atlântico e Pacífico, como uma continuação da Hidrovia Paraná-Paraguai.

Dentro desse novo contexto, o Brasil tem enorme responsabilidade ao assumir a presidência rotativa do Mercosul. Como coordenador até o fim do ano, o Brasil não pode medir esforços para fortalecimento do bloco, tendo como objetivo o retorno às suas origens. Para isso, a prioridade imediata deve ser o empenho para a redução das barreiras comerciais, especialmente com a União Europeia; a aproximação com a Aliança do Pacífico (Chile, Colômbia, México, Peru e Costa Rica, que se incorporou ao grupo em 2013); e voltar-se para a Ásia, onde as oportunidades de negócios são muitas.

O Brasil tem de se empenhar para a conclusão de negociações estratégicas que ficaram paralisadas durante anos, o que chegou a enfraquecer todo o bloco. Exercendo a sua liderança, o governo brasileiro tem condições de trabalhar com afinco na redução dos obstáculos e restrições às trocas comerciais que sufocam as economias dos países-membros, principalmente num momento em que o mundo testemunha a volta do protecionismo e do nacionalismo encarnado pelo presidente norte-americano Donald Trump.


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