Diario Editorial: Um mal que continua na Justiça

Publicado em: 19/07/2017 07:22 Atualizado em:

Eles tiveram suas vidas reviradas pelo avesso. Foram acusados e punidos por crimes que não cometeram. Infelizmente, casos de injustiça são comuns no Brasil. Embora ninguém traga escrito na testa quando se é honesto ou não, a polícia e a Justiça devem estar mais atentas para não mandarem inocentes para a prisão. Só quem já passou por esse pesadelo sem ter culpa no cartório sabe o quanto isso é ruim. Quem não se lembra do caso do ex-mecânico Marcos Mariano da Silva? Após passar 19 anos preso, mesmo sendo inocente, ele tornou-se símbolo da injustiça no país. No tempo em que viveu no cárcere, o ex-mecânico ficou cego dos dois olhos durante uma rebelião no então Presídio Professor Aníbal Bruno. Quando finalmente foi reconhecido inocente, Marcos Mariano recebeu uma indenização de R$ 1 milhão. A segunda parte (mais R$ 1 milhão) chegaria em novembro de 2011. Mas, ao receber um telefonema do seu advogado, informando que o restante do dinheiro sairia, o ex-mecânico deitou-se para dormir e morreu. A segunda parcela ainda não foi paga aos seus herdeiros. Esse e outros cinco casos de injustiça que tiveram repercussão em Pernambuco, retratados pelo Diario em uma superedição do fim de semana, foram mostrados pelo repórter Wagner Oliveira. O trabalho de Wagner, intitulado (In) Justiça, foi vencedor da 23ª edição do Prêmio Cristina Tavares de Jornalismo, o mais importante do estado, na categoria reportagem. A matéria relembrou ainda o drama de uma comerciante que passou um ano, um mês e 17 dias presa na Colônia Penal Feminina do Recife, em 2005, por ter sido acusada de participar de um sequestro. O celular dela, que havia sido roubado, foi usado pelos criminosos durante as negociações do pedido de resgate. Somente depois a polícia reconheceu o erro. Lúcia Silvana Bezerra ainda espera para receber sua indenização. O estado foi condenado, mas a defesa recorreu pedindo aumento no valor da condenação. A matéria relatou também sobre o sofrimento vivido pela artista plástica Consuelo Valença de Lima Vieira, que em 1995 foi apontada como responsável pelas mortes do marido e das quatro filhas por envenenamento. Oito anos depois, a Justiça reconheceu que ela era inocente, mas o pagamento da indenização não foi feito até hoje. No rol de personagens abordados estiveram ainda o maestro da Orquestra dos Meninos de São Caetano, Mozart Vieira, que foi acusado de estuprar um músico adolescente da banda, o aposentado Severino Antero Alves, que passou 20 dias no presídio por ter o mesmo nome de um homem procurado pela polícia; e a luta do porteiro Jorge Luiz da Conceição, que acorrentou-se em frente ao fórum para provar a inocência dos seus filhos, acusados de um assalto que não tinham praticado. Temas como esse não devem sair do noticiário. Servem para abrir os olhos das autoridades e os nossos também. Infelizmente casos assim continuam existindo no nosso dia a dia.

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