Protesto Manifestação pelas Diretas Já reúne centenas de pessoas no Bairro do Recife Ação foi organizada por artistas, integrantes da sociedade civil e movimentos sociais que pedem eleições diretas para presidente

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 11/06/2017 18:05 Atualizado em: 11/06/2017 19:05

Bancário Anilson Barbosa, de 53 anos, protestou lembrando dos irmãos Wesley e Joesley Batista, delatores da JBS. Crédito: Julio Jacobina/DP
Bancário Anilson Barbosa, de 53 anos, protestou lembrando dos irmãos Wesley e Joesley Batista, delatores da JBS. Crédito: Julio Jacobina/DP

O domingo no Bairro do Recife está sendo de protesto para artistas, integrantes de movimentos sociais e simpatizantes das eleições diretas. O Cais da Alfândega recebe, até às 22h, a mobilização intitulada Recife Pelas Diretas Já, que conta com uma extensa programação de bandas, intercaladas com breves discursos de representantes de entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e do MST. Embora o evento já estivesse marcado desde o início do mês, a absolvição da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deu um caráter de urgência ainda maior ao ato.

O evento, totalmente organizado e financiado por representantes da sociedade civil, acontece na esteira de mobilizações de artistas em outras cidades, como Rio de Janeiro e Salvador. Em 4 de junho, no Sítio Histórico de Olinda, houve uma iniciativa semelhante intitulada “Não me venha com indiretas!”. Entre os participantes, estavam nomes locais como Fábio Trummer, Josildo Sá e Fred Zero Quatro.

Segundo Carla Francine, uma das organizadoras da iniciativa, o papel dos artistas em se opor ao status quo deve ser valorizado. “A arte, ao longo dos anos, teve esse papel revolucionário. Precisamos tirar o governo que está aí. Estamos em uma crise democrática, pois é da sociedade civil a prerrogativa de eleger os presidentes. Achamos que o impeachment de Dilma foi um ato machista e misógino”. Já Alessandra Nilo, outra das organizadoras do ato público, frisa a importância de ocupar as ruas para reivindicar o direito ao voto. “Depois do julgamento da chapa Dilma-Temer, ficou muito mais difícil que as vozes das pessoas sejam ouvidas. As ruas precisam ser um local onde os cidadãos unam suas bandeiras. De que forma um Congresso como esse vai resolver as questões do país?”.

Jr, Black, um dos artistas presentes na programação, ressalta também que os artistas são cidadãos que, entre outras coisas, podem e devem se engajar em defesa da cultura. “Não há como questionar um chamamento desses. Hoje, estamos em um cenário horrível. Faltam líderes e querem tirar os poucos direitos que temos. Eles [os políticos] estão determinados a jogar o Brasil para o patamar de 60 anos atrás, e isso inclui a arte e a educação, os primeiros a sofrer”.

Atrtista visual Wolder Wallace foi à manifestação com a roupa 'Ninguém vermelho', em alusão à democracia brasileira. Crédito: Júlio Jacobina/DP
Atrtista visual Wolder Wallace foi à manifestação com a roupa 'Ninguém vermelho', em alusão à democracia brasileira. Crédito: Júlio Jacobina/DP

As reivindicações dos manifestantes também são expressas de forma criativa. Anilson Barbosa, 53 anos, integrante do Sindicato dos Bancários, decidiu protestar com uma placa que continha referência aos irmãos Wesley e Joesley Batista, da JBS. “Desde o golpe, estamos na rua pelos nossos direitos para acabar com a corrupção. No nosso país, é importante ver todas as classes envolvidas nessa mobilização. Já o artista visual e performer Wolder Wallace chegou ao Cais da Alfândega com a roupa “Ninguém vermelho”, no qual quer discutir o conceito de democracia. “Vir para esse tipo de evento é necessário, pois ele é muito parecido com o Carnaval, e, ao mesmo tempo, é muito diferente. Aqui, estamos juntos por algo além das nossas individualidades”.

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