Diario Editorial: O idoso de todos nós

Publicado em: 14/06/2017 08:46 Atualizado em:

Em um mês, três abrigos para idosos foram fechados na Região Metropolitana do Recife por más-condições. No que teve as portas cerradas ontem, no bairro do Desterro no município de Abreu e Lima, moravam vinte. A Instituição de Longa Permanência para Idoso (ILPI) havia sido notificada há um mês para que se adequasse às normas, mas, como não cumpriu as exigências, suas atividades foram proibidas. Todos os internos acabaram transferidos após denúncias de maus-tratos e má-acomodação. São crimes intimamente ligados à questão de direitos humanos por ser tratar de pessoas vulneráveis. Imagina-se que gestores de unidades como essas confiem na falta de fiscalização ou punição, no caso de serem pegos em irregularidade.

Conforme informações da Secretaria Executiva de Direitos Humanos, via-se condição sugestiva de sequestro, cárcere privado e outras situações de maus-tratos. Na ação desta semana, na qual estavam a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Centro de Atenção e Prevenção à Violência contra a Pessoa Idosa (Ciappi), comprovou-se haver alimentos e medicamentos vencidos e quantidade de suprimentos adequados insuficientes para os idosos. Afora a subtração de documentos e cartões de benefícios dos idosos. Tais problemas apenas em uma casa geriátrica.

Outra residência de longa permanência no Bairro do Cordeiro, Recife, foi interditada a pedido do Procon. Tinha 28 idosos. Deram à administração prazo de 15 dias para que comuniquem aos familiares e 30 dias para que haja o fechamento definitivo, em decorrência das condições de higiene, de cuidados médicos e de estrutura inadequada. No bairro da Várzea, houve um fechamento no dia 11 de maio. Um total de 17 idosos corria risco de integridade física e emocional.

Dramático o contexto desses idosos - e de muitos outros que não se tem notícias. Muitas vezes, as famílias não têm condições de lhes oferecer cuidados, mas peca por não fiscalizar aquele a quem contrata ou pelo abandono total. Idosos ficam, então, sem tutela adequada até que algum funcionário ou vizinho de um lar geriátrico, sobretudo os do subúrbios, se compadeça, tome coragem e denuncie o que há de errado. É preciso denunciar qualquer suspeita semelhante. Hoje são eles, amanhã pode ser qualquer um porque a estimativa de vida do brasileiro só cresce. O idoso muitas vezes não fala, mas os direitos deles como cidadão deve permanecer intacto.


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