Opinião Cláudio Lacerda: Socorram o Imip Cláudio Lacerda é chefe da Unidade de Transplante de Fígado. Professor da UPE e da UNINASSAU

Publicado em: 19/06/2017 08:32 Atualizado em:

Os profissionais de saúde que conhecem a realidade dos hospitais públicos de Pernambuco e se dedicam à medicina avançada, ao ensino e à pesquisa, com seriedade, ética e compromisso social, admiram o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), e sonham em trabalhar nele.

Dotado de estrutura grandiosa, equipamentos modernos e pessoal selecionado - tudo construído ao longo de décadas, com amor, sacrifício pessoal e muita competência, esse magnífico complexo hospitalar vem prestando inestimável serviço ao nosso Estado e à região Nordeste, tanto na assistência quanto no ensino e na pesquisa.

 Isso tem sido possível porque, até há pouco tempo, vinha contando com o reconhecimento e o apoio governamental proporcionais à sua relevância. Mercê de um modelo de gestão mais moderno, menos burocrático e menos político do que o praticado habitualmente no setor público, o Imip consolidou-se como um exemplo de eficiência e efetividade. Um dos grandes orgulhos de Pernambuco, para onde vale a pena direcionar recursos, dada a garantia de resultados, com efeito multiplicador.

Ocorre que - para imensa tristeza e decepção de todos os “imipianos”, principalmente de quantos, como nós, trabalham nos seus setores de alta complexidade, os mais sensíveis -, esse apoio está minguando, e o Imip começa a padecer da mesma doença crônica que acomete outros hospitais públicos do estado: desequilíbrio orçamentário e, consequentemente, inadimplência com fornecedores e prestadores de serviços, desabastecimento, desestímulo, comprometimento da qualidade e até ameaça de descontinuidade de serviços estratégicos. 
Assim, setores tradicionais e essenciais para a população, como a emergência pediátrica, que, aliás, funciona sem regulação (ou seja, para onde as crianças são levadas e têm que ser atendidas de qualquer maneira) podem fechar por serem deficitários. Com efeito, seus custos não são totalmente cobertos pelo SUS, o que gera vultoso prejuízo mensal cumulativo que vem sendo arcado pelo hospital face ao compromisso que tem com a saúde da comunidade. Tal situação, porém, está se tornando insustentável.

Por tudo isso - e em que pese a profunda crise econômica pela qual estamos passando - é difícil imaginar prioridade maior, para as diversas instâncias de governo e para os diferentes segmentos da sociedade, do que tirar o Imip dessa situação, de modo a evitar-se uma tragédia social de grandes proporções e um retrocesso, sem precedentes, na história da medicina de Pernambuco.




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