Opinião João Bosco Tenório Galvão: Caminhando e cantando João Bosco Tenório Galvão é advogado

Publicado em: 29/05/2017 07:40 Atualizado em:

E seguindo canções, relembrando a juventude tão vivida, tão cheia de riscos e de poesias de Vinicius, Neruda, Castro Alves, Eventuchenko e, porque não dizer, de Roberto Carlos, com brotos no portão e mandando tudo o mais para o inferno. O compositor Geraldo Vandré traçou o caminho e proclamou os versos, somos todos iguais aprendendo lições. A força da canção estimulava os estudantes e a UNE clandestina a lutar contra a ditadura. Era proibido proibir e roubar. Ninguém roubava os sonhos de alguém, pois todos sonhavam o mesmo sonho. Brasil grande e livre e o povo no poder. Os sonhos eram tão vigorosos que, com o passar do tempo, fizeram a frágil esperança vencer o tremendo medo de aventuras, pois o Brasil, pré e pós os militares, só de aventureiros teve na sua história Jânio e Collor. Pensávamos: o melhor há de vir. O país que derrotou a inflação de 80% a.m., sem prejuízo de sua estrutura democrática tinha de ser otimista. Elegemos duas vezes FHC e o país sorriu com Lula lá, continuando um inédito e vigoroso processo de distribuição de riquezas. Muito foi feito e esse muito foi destruído facilmente. Pois, roubaram os nossos sonhos, quando destruíram a Petrobras, pelos assaltos constantes aos cofres do povo, pela mecânica da propina generalizada. O Brasil mudou. O funcionalismo do Banco do Brasil e da Caixa Econômica que servia de modelo aos brasileiros, que dele se orgulhava, foi despedaçado. Não temos nenhum modelo de meritocracia, pois o nivelamento das instituições brasileiras é feito por padrões da lei de Gerson de se levar vantagem em tudo. Levam vantagens no fornecimento da merenda escolar, no sistema de saúde, nos processos licitatórios, nas operações com bancos públicos, no parentesco vil e oportunista, não existindo setor da máquina estatal infenso à cobiça ilícita e predatória. Mas, nem tudo está perdido. O Brasil já derrotou a saúva que aniquilava nossa economia quando agrícola, a inflação de 80% ao mês já foi embora, já assistimos ministros, senadores, deputados e vereadores, juízes e desembargadores afastados e presos. A corrupção que sabíamos existir é uma velha desnuda hoje bem conhecida. Alguns anciões e centenas de jovens, ministros, policiais, procuradores, funcionários públicos mudam o perfil de nossas instituições. Sentimos nos ares do Brasil ares de mudanças boas e pacíficas, tudo em obediência ao ordenamento jurídico. Os que criticam essas mudanças, o grande freio à corrupção que se monta no Brasil, são aqueles cegos pelo fanatismo tolo, pelo infantilismo de pensar que são de esquerda. Qualquer postura política tem de conter em si ojeriza aos malfeitos com a coisa pública. Pois, seguindo uma canção, hoje quero ser apenas um rapaz latino- americano sem dinheiro no banco, sem parentes importantes vindo do interior.

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