OPINIÃO Guilherme Gonçalves: Inovação e progresso Guilherme Gonçalves é Coordenador de Inovação da ABA Global Education

Publicado em: 24/05/2017 07:30 Atualizado em: 24/05/2017 07:31

As mil empresas do ranking da Strategy&, consultoria estratégica do Netwok PwC,  investiram U$ 680 bilhões em inovação, no ano passado (2016). O Brasil teve uma participação discreta nessa lista, representado por apenas seis empresas. O coordenador do Núcleo de Inovação da Fundação Dom Cabral, Carlos Arruda, observa que persiste no país uma cultura de inovação apenas para sustentar a capacidade competitiva. Segundo Arruda, trata-se de uma “inovação do retrovisor" e corresponde à resposta a uma exigência do mercado ou à entrada de um novo competidor.
O relatório Índice Global de Inovação-Global Innovation Index, elaborado pelo Instituto Europeu de Administração de Empresas-INSEAD, em 2016, aponta o Brasil na 69º posição, entre 128 países. A Suíça, Suécia, o Reino Unido, os Estados Unidos e a Finlândia lideram esse ranking. Na avaliação do editor desse relatório, Soumitra Dutra, falta confiança ao brasileiro para transformar ideias em negócios. O ambiente de negócios não favorece, faltam políticas de incentivo de longo prazo e o país tem dificuldades em se integrar a cadeias globais.
O investimento em pesquisa e desenvolvimento ( P&D) do país, insumo fundamental para a inovação, foi de cerca de U$ 35 bilhões, em 2016. Esse valor equivale a 8% do que os Estados Unidos investiram. A inovação, em escala global, gera patentes que resultam em renda sustentável para o país. Há 40 anos, o Brasil e a Coreia do Sul tinham o mesmo número de patentes. Hoje, os coreanos produzem patentes em número 12 vezes maior. O tempo médio de espera para uma decisão de patente no Brasil é de 10,8 anos ante os 2,5 nos EUA.  Exatos 243.820 pedidos estavam acumulados à espera da decisão do Instituto Nacional da Propriedade Industrial-INPI, no final de 2016.
Para ser mais inovador, o país tem de reduzir a burocracia, mas também investir em capital humano. As universidades precisam conectar-se com as melhores do mundo e com o mercado para atrair inclusive talentos estrangeiros. Precisamos de cientistas e profissionais qualificados para inventar e/ou aperfeiçoar produtos, processos, sistemas e serviços. É essencial que o ambiente de negócios melhore. Investir em P&D, incentivar joint ventures e alianças estratégicas com países é básico.
O Brasil precisa também ter pessoas capazes de utilizar inventos. Ou seja, profissionais que saibam manusear de simples softwares administrativos até tecnologias industriais sofisticadas. Recentemente, visitei um laboratório no Brasil com equipamentos sofisticados, mas sem pessoas para operá-los. É que a remuneração ofertada não era atrativa para os profissionais globais, sejam eles estrangeiros ou brasileiros capazes de se comunicar com o mundo. A inovação e o progresso são temas essenciais para o Brasil.


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