Crise 'Brasil não parou e não vai parar', diz Temer após protestos Em um vídeo divulgado no Facebook, presidente aproveita para elogiar aliados, no momento mais crítico de seu governo

Por: Fernando Jordão - Correio Braziliense

Publicado em: 25/05/2017 19:22 Atualizado em: 25/05/2017 22:34


No momento mais delicado de seu governo, iniciado há pouco mais de um ano, o presidente da República, Michel Temer, divulgou um vídeo na tarde desta quinta-feira, promovendo algumas medidas instituídas ao longo de sua gestão e agradecendo ao apoio do presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e dos parlamentares que compõem a sua base aliada no Congresso Nacional.

O pronunciamento ocorre no momento em que Temer perde grande parte do apoio no Legislativo Federal, após a divulgação de uma conversa com o empresário da JBS Joesley Batista e da consequente abertura de um inquérito contra o presidente no Supremo Tribunal Federal (STF). O PPS é um dos partidos que já desembarcaram do governo, fazendo com que o ministro da Cultura, Roberto Freire, entregasse o cargo. Outras siglas, como o PSBD e o próprio DEM, de Rodrigo Maia, estudam seguir o mesmo caminho.

O afago em Maia também é importante, visto que ele, como presidente da Câmara, é quem deve julgar se aceita ou não a abertura de um processo de impeachment contra o peemedebista. Já são 14 pedidos, inclusive o da Ordem dos Advogados do Brasil, protocolada na tarde desta quinta-feira. 

No vídeo, Temer também faz uma ligeira referência ao protesto realizado na quarta-feira, na Esplanada dos Ministérios, que, segundo estimativas da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), reuniu 45 mil pessoas. "O Brasil não parou e não vai parar. Continuamos avançando e votando matérias importantíssimas no Congresso Nacional. As manifestações ocorreram com exageros, mas deputados e senadores continuam a trabalhar em favor do Brasil", disse o presidente.

Por conta dos protestos, aliás, Temer chegou a decretar uma ação de Garantia de Lei e da Ordem (GLO) em Brasília que, na prática, concedia às Forças Armadas o direito de atuar como polícia. A medida foi revogada menos de 24 horas depois, sob a justificativa de que os "atos de depredação e violência" haviam cessado e a "Lei e a Ordem" no DF haviam sido reestabelecidas.

Ainda no vídeo, Temer elogia a votação de sete Medidas Provisórias em uma semana por deputados e senadores. Vale lembrar que seis delas foram aprovadas na noite de quarta — mesmo dia das manifestações — em uma sessão extraordinária aberta por Maia após os deputados de oposição deixarem o Plenário da Casa em protesto contra a ação de Garantia de Lei e da Ordem decretada por Temer. 

Por fim, o presidente deixa subentendida uma intenção que já manifestou claramente em outras ocasiões: a de não renunciar ao cargo que ocupa desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. "Meus amigos, o trabalho continua. Vai continuar. Temos muito ainda a fazer e esse é o único caminho que o meu governo pretende seguir. Colocar o Brasil nos trilhos. Portanto, vamos ao trabalho", convida o presidente, ainda que pareça cada vez mais isolado.
 
Confira o discurso na íntegra:
"O Brasil não parou e não vai parar. Continuamos avançando e votando matérias importantíssimas no Congresso Nacional. As manifestações ocorreram com exageros, mas deputados e senadores continuaram a trabalhar em favor do Brasil e aprovaram número expressivo de Medidas Provisórias: sete em uma semana. E a Reforma Trabalhista avançou no Senado. Expressão, portanto, do compromisso em superar a crise. 

Aprovamos matérias vitais para o país, como por exemplo, a regularização fundiária. Há milhões de brasileiros que vivem sem a posse legal de sua casa ou de seu pequeno lote de terreno. Agora, isso mudará. O governo vai entregar a escritura para famílias carentes de todo o país. Vamos continuar combatendo o desperdício de dinheiro público. 

Outra medida garante o pente-fino no auxílio doença que já economizou mais de R$ 1 bilhão com a revisão dessa medida e vamos chegar a mais de R$ 8 bilhões. Dinheiro que poderá ajudar o país a investir mais no social. 

Garantimos a aprovação da medida que libera o Fundo de Garantia para os dois grupos que ainda faltam para receber o seu dinheiro depositado durante anos de trabalho nas contas inativas do Fundo de Garantia. Portanto, mais de R$ 40 bilhões entrarão na economia, ajudando no fim da recessão. 

E para isso eu quero agradecer aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado Federal, Eunício de Oliveira, e aos parlamentares da base aliada pelo empenho nessas votações. Meus amigos, o trabalho continua. Vai continuar. Temos muito ainda a fazer e esse é o único caminho que o meu governo pretende seguir. Colocar o Brasil nos trilhos. Portanto, vamos ao trabalho."


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