Lava-Jato Odebrecht apresenta extratos relacionados a encontro com Temer

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 22/04/2017 16:05 Atualizado em: 22/04/2017 16:26

Assessoria do presidente Michel Temer informou que o peemedebista "jamais tratou de valores com o senhor Márcio Faria" (Antonio Cruz/ Agencia Brasil)
Assessoria do presidente Michel Temer informou que o peemedebista "jamais tratou de valores com o senhor Márcio Faria"
A lava-jato recebe atualizações da empreiteira Odebrecht, que apresentou extratos de possíveis pagamentos de propina relacionada por delatores a uma reunião com o presidente Michel Temer ainda em 2010. Segundo ex-executivos, o repasse foi acordado em um encontro no escritório político do atual presidente, na capital paulista, e os valores chegam a ultrapassar US$ 40 milhões. 

De acordo com a empreiteira, o repasse é referente a um contrato internacional do PAC-SMS, Petrobras, que incluía certificações de segurança, saúde e meio ambiente. Os documentos era utilizados em nove países onde a empresa brasileira atua. O valor inicial gira em torno de US$ 825 milhões. 

Os documentos apresentados pela Odebrecht, ligados ao PAC-SMS, apontam que os valores foram transferidos entre julho de 2010 e dezembro de 2011. O montante dos extratos atingem US$ 54 milhões, mas a soma de todos os valores presentes na planilha anexada totaliza Us$ 65 milhões.

A maior parte do valor foi repassado para contas de colaboradores no exterior. Outra parte do montante foi ordenada em espécie em espécie no Brasil para hotéis em São Paulo e um escritório do Rio.

A Odebrecht possuia um esquema que contava com um setor responsável por propinas e caixa dois, que reuniu mais de 50 depósitos em offshores no exterior, com valor entre US$ 280 mil a US$ 2,3 milhões. Para realizar o arranjo, a empreiteira utilizou cinco empresas em paraísos fiscais.

Segundo o ex-presidente da Odebrecht, Márcio Faria, o PMDB negociou propina em 5% do contrato, resultando em US$ 40 milhões. Em delação, Faria ainda relatou que na reunião, Temer não tratou de valores, mas que deixou claro que se referia a propina. O ex-presidente da Odebrecht também revelou que haviam outras pessoas presentes na reunião, como o ex-deputado Eduardo Cunha. 

O responsável pelo lobby da empreiteira Odebrecht na estatal Petrobras, Rogério Araújo, disse que Temer deu “bênção” ao acordo, que foi previamente discutidos com Cunha e o lobista João Augusto Henriques. O presidente Temer confirma o encontro, mas negou os relatos sobre propina. 

Na delação aparecem o senador Humberto Costa (PE), o ex-tesoureiro  João Vaccari Neto e o ex-senador Delcídio do Amaral como receptores do PT. Nos documentos eles teriam sidos mencionados com codinomes “Drácula”, “Camponês” e “Ferrari”, respectivamente. Nos relatos ainda aparecem "Mestre", "Tremito" e "Acelerado", apelidos que não foram identificados.

Conforme depoimentos, um ex-engenheiro da Petrobras, Aluísio Teles, também aparece como mais um receptor beneficiado. Segundo relatos, as licitações do PAC-SMS foram executadas com fraude, com ajuda de outras empreiteiras, como a OAS e a Andrade Gutierrez, simulando interesse em projetos, provocando aumento de valor causada por uma concorrência inexistente.  

Já existe um pedido de abertura de inquérito sobre os políticos envolvidos feito pela Procuradoria ao STF, mas só a solicitação de depoimentos de Humberto Costa e Delcídio.

Além dos já citados, aparecem nas delações mais três participantes nos repasse:  ngelo Lauria, ligado ao lobista João Henriques, Rodrigo Duran e Mario Miranda (da Petrobras). 

Em nota, a assessoria do presidente Michel Temer informou que o peemedebista "jamais tratou de valores com o senhor Márcio Faria". A assessoria ainda afirmou que "a narrativa divulgada não corresponde aos fatos e está baseada em uma mentira absoluta". "O que realmente ocorreu foi que, em 2010, em São Paulo, Faria foi levado ao presidente pelo então deputado Eduardo Cunha. A conversa, rápida e superficial, não versou sobre valores ou contratos na Petrobras. E isso já foi esclarecido anteriormente, quando a divulgação dessa suposta reunião".


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