Opinião Cláudio Roberto de Souza: Jáder de Andrade e o Diario de Pernambuco Cláudio Roberto de Souza é professor e historiador

Publicado em: 25/04/2017 06:59 Atualizado em:

Jáder de Andrade foi uma das mais impressionantes personagens políticas de Pernambuco no início do século 20. Jornalista, político e empresário em Timbaúba, fundou e editou um dos jornais mais longevos do interior, A Serra, além ser ligado fortemente à história do Diario de Pernambuco. Nasceu em Goiana, em 21 de abril de 1886 e aos cinco anos foi radicado em Timbaúba. Estudou no Ginásio Pernambucano, de onde seguiu para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. A própria saúde não o deixou concluir o curso. De volta à terra natal, sempre esteve envolvido com a imprensa e a cultura, enquanto debutava na política e na indústria. Entre 1910 e 1913, foi vereador, criou uma tecelagem, construiu o cine-teatro Recreios Benjamin e fundou A Serra. Em 1914 começou a sua história com o Diario de Pernambuco.

Em 1912, o general Dantas Barreto derrubou o conselheiro Rosa e Silva, há duas décadas chefe da política pernambucana. O Diario era propriedade de Rosa e Silva e sofreu duramente a crise política. Invadido várias vezes, empastelado e fechado por um ano, finalmente, foi comprado pelo coronel Carlos Lira, de Timbaúba. Lira pôs o jornal sob a direção de seu filho e de Jáder de Andrade, restabelecendo a sua normalidade. No Diario, Jáder marcou o início da publicação de caricaturas políticas na imprensa pernambucana, escrevendo poemas e editoriais ilustrados por Joaquim Cardoso, então em início de carreira. Negócios e política levaram Jáder de volta a Timbaúba. Na intensa década de 1920, foi prefeito, deputado federal, senador estadual e secretário de estado de Estácio Coimbra, derrubado pela Revolução de 30. Nunca se afastou, entretanto, do jornalismo. Esteve sempre à frente d%u2019A Serra e, nos dias difíceis que se seguiram à derrubada de Coimbra, a história de Jáder encontrou-se novamente com a do Diario.

O governo Carlos de Lima Cavalcanti substituiu pela força vários grupos políticos no interior. Em Timbaúba, o governo local foi derrubado em cenas de bastante violência e Jáder de Andrade foi obrigado a estabelecer-se no Recife. A Serra, menina dos olhos do jornalista, encerrou seus dias. Em junho de 1931, Chateaubriand criou os Diários Associados e Jáder de Andrade foi feito o seu primeiro presidente em Pernambuco. Aos infortúnios políticos somou-se a perda dos pais, debilitando e agravando a sua saúde pessoal. Jáder foi internado em agosto no Hospital Português, convalesceu em fazenda de amigos em Floresta dos Leões, mas faleceu no Recife aos 45 anos, no dia 1º de outubro de 1931.


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