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Opinião Ary Avellar Diniz: Meu prezado leitor Ary Avellar Diniz é diretor do Colégio Boa Viagem e da Faculdade Pernambucana de Saúde

Publicado em: 25/04/2017 06:55 Atualizado em:

Em resposta ao seu e-mail datado de 27/03/2017 e dirigido a minha pessoa, sinto-me no dever de esclarecer a V. S.ª os seguintes questionamentos feitos em relação ao meu artigo Monarquia versus República (27/03/2017):

1.º) Nesse artigo, não tomei partido em relação a qualquer regime de governo implantado aqui no Brasil. É só ler com atenção interpretativa.

Há aproximadamente dois séculos, os brasileiros viviam mais tranquilos, sem os graves problemas que ora afligem um país de situações estressantes espalhadas pelos seus quatro cantos. Até parece o início do apocalipse!

Tudo na vida é mutável. O passado muito serve de exemplo ao presente. Não se devem mirar os valores do presente sem analisar à exaustão os valores históricos do passado.

E o passado brasileiro, à época da Monarquia, apresentou felicíssimos cenários de ordem econômica, política e social, cujos procedimentos não necessariamente deveriam ser aplicados in totum na atualidade, mas servir de inspiração, de parâmetro à conduta dos presentes mandatários, que se têm mostrado inescrupulosos, gananciosos, desumanos e de expressivo caráter corruptível, como nunca se viu igual na história do Brasil.

Há de convir que, se os representantes do povo fossem da estirpe de D. Pedro II, bem se poderia acreditar em tempos melhores para o Brasil%u2026

2.º) Não consta, nas pesquisas atuais, o exato poder de compra daquela época monárquica. O que se sabe de concreto é que, no Colégio Pedro II (hoje com 180 anos), a disputa era acirradíssima por uma vaga de docente. Se o salário fosse aviltante, não haveria tanta concorrência.

3.º) A paridade da nossa moeda com o dólar, como foi mencionado por V. S.ª, salvo melhor juízo, beneficiaria as importações, principalmente num país em crescimento. Afinal, o Brasil, por infelicidade, tem sofrido pela falta de tecnologia moderna. Quase todos os produtos adquiridos no Brasil são etiquetados com um %u201CMade in Germany%u201D, %u201CMade in USA%u201D, %u201CMade in China%u201D etc.

Só para exemplificar, na exposição de máquinas e tratores realizada todos os anos em Uberlândia (MG), quase todo o maquinário é estrangeiro; mas, graças à sua aquisição, o Brasil tornou-se o celeiro do mundo em termos de alimentos e melhoria dos agronegócios.

Evidentemente, o dólar emparelhado com o real prejudica, em parte, as exportações, embora os empreendedores dos setores secundários da economia se beneficiem com a entrada no país de insumos a menor custo e de maior produtividade, proporcionada pelos novos equipamentos, de última geração.

4.º) A inflação nos países desenvolvidos gira em torno de 0%. Que tal o Brasil alcançar essa meta e dar a todos melhores condições de adquirir produtos alimentícios e bens de serviço?

E ainda, quanto ao Brasil, Portugal e Napoleão Bonaparte, tenho a dizer o seguinte: São públicas e notórias as trocas de liderança de países na história do mundo.
Houve uma época de apogeu da Inglaterra, da França, da Espanha, de Portugal, da Itália (Roma)%u2026 Atualmente, são os Estados Unidos da América.

O fato de Pernambuco ter sido prejudicado pelo Império, sendo reduzido em seu território, leva-nos à grande lição de que é conveniente evitar, se possível, o choque beligerante (houve naquela época), o atrito entre nações ou lutas intestinas. A respeito do que é afirmado, a Síria mostra ao mundo as dolorosas consequências.

A solução, perdoe-me a ousadia, é saber negociar entre as partes conflitantes. Assim como Pernambuco perdeu vários quilômetros de extensão territorial, o ícone negociador brasileiro, o barão do Rio Branco (outra figura exemplar do Império), conquistou grandes extensões territoriais sem usar armas nem disparar um só tiro.

Somente os brasileiros dignos e competentes poderão resolver os males da dívida pública com soluções exequíveis, dentro de suas experiências de vida. Não se deve jamais esquecer que o maior partido, o maior patrimônio, em qualquer país, é o seu povo: nos dias correntes, existe uma infinitamente maior conscientização do povo acerca da sua cidadania e da sua participação ativa na política nacional.

O governo, em face dessas complexas situações, tem de investir incessantemente, e cada em vez mais, em educação, educação, educação.


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