Eleições 2016 Geraldo e João Paulo se enfrentam com estratégias bem definidas Desgaste nacional do PT e participação do grupo socialista nos governos petistas do Recife marcaram debate entre prefeituráveis

Por: Larissa Rodrigues - Diario de Pernambuco

Publicado em: 24/10/2016 00:50 Atualizado em: 24/10/2016 17:51

Candidatos participaram do primeiro debate do segundo turno, neste domingo (23). Roberto Ramos/DP
Candidatos participaram do primeiro debate do segundo turno, neste domingo (23). Roberto Ramos/DP
No primeiro debate entre os candidatos a prefeito do Recife neste segundo turno, promovido na noite deste domingo (23) pela TV Clube/Record, no bairro de Santo Amaro, duas estratégias dos postulantes ficaram bem claras. Geraldo Julio (PSB), prefeito e candidato à reeleição, investe pesado no desgaste nacional do Partido dos Trabalhadores para enfraquecer seu opositor, João Paulo (PT). O candidato petista, por sua vez, aposta na desconstrução do discurso de Geraldo lembrando reiteradamente que seu grupo fez parte dos 12 anos de gestão do PT no Recife, com o vice Luciano Siqueira (PCdoB).

A postura se repetiu durante todo o evento, acompanhado por aliados de ambos, como o governador Paulo Câmara (PSB) e o senador Humberto Costa (PT). Também estavam no local os candidatos a vice de cada lado, Luciano Siqueira (PCdoB), vice de Geraldo, e Silvio Costa Filho (PRB), vice de João Paulo.

No primeiro bloco, João Paulo afirmou que o PT deixou três mil obras de habitação no Recife para serem concluídas, mas Geraldo só teria conseguido terminar 800. “Vocês participaram oito anos do meu governo e dos quatro anos do governo de João da Costa, iclusive com o vice (Luciano Siqueira). Habitação sempre foi prioridade para nós. Retiramos famílias da Vila do Morcego, embaixo da ponte, e Luciano Siqueira sempre elogiou a nossa política de habitação, você é testemunha, mas tenta esconder essa realidade, de Vila Brasil 1, que está parado, Sérgio Loreto, parado. Você não tem compromisso verdadeiro com habitação, pinçou algumas experiências e tenta passar como positivas”, disse João Paulo.

Geraldo respondeu que não sabia que três mil obras foram essas deixadas pelo PT, mas entregou 1319 apartamentos com “dignidade” à população, em 12 habitacionais. “Tem obra parada no Recife sim, mas tem obra parada no Brasil inteiro, porque o PT, parou o Brasil, quebrou a economia do país, deixou o país de cabeça para baixo. Têm muitos municípios que não conseguem sequer honrar a folha. As famílias brasileiras pagam uma conta altíssima, na inflação, no desemprego. Mas a gente está aqui no Recife trabalhando.”

Ainda no primeiro bloco, João Paulo chegou a chamar Geraldo de ingrato, em uma discussão sobre saúde. O prefeito comentou que encontrou a saúde do Recife com muitas dificuldades. “Tivemos que fazer muitas reformas, melhorar, comprar, e contruímos um grande hospital, o primeiro erguido pelo Recife em toda a história: o Hospital da Mulher. Agora, vamos construir o hospital do idoso.”

Após essa fala, João Paulo declarou: “ele é um ingrato mesmo. Participou de todos os governos meus e dos quatro anos de João da Costa. Você era auxiliar em nosso governo, assuma! Você agora vem atacar o governo do PT! Geraldo, a saúde está muito precária. Falta remédio para pressão, para diabetes. Recife se tornou a capital da Chikungunya. O maior índice de pessoas que morrem de tuberculose é na sua gestão. Assuma essa realidade”.

O clima do debate não chegou a ser quente, mas não ficou frio. Ao responder as perguntas de Geraldo, ou fazê-las, João Paulo olhava fixamente para o adversário. O prefeito, no entanto, evitou encarar o petista, preferindo se concentrar na câmera. No final, o governador Paulo Câmara (PSB) avaliou que Geraldo está fazendo uma campanha propositiva. “Tenho convicção que ele sairá vitorioso, porque tem propostas boas para continuar o trabalho”. O senador Humberto Costa (PT) afirmou que o grupo petista vai usar os guias desta semana para “mostrar as mentiras que estão sendo ditas”.

O candidato a vice de Geraldo, Luciano Siqueira, brincou no final do debate a respeito das citações de João Paulo. "Deveria ter pedido direito de resposta, pois fui citado quatro vezes", observou, sorrindo.

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