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Lava Jato Deputados pernambucanos repercutem prisão de Eduardo Cunha

Por: Julia Schiaffarino - Diario de Pernambuco

Publicado em: 19/10/2016 20:00 Atualizado em:

Único pernambucano na Comissão de Ética, responsável pelo relatório que levou à cassação de Eduardo Cunha (PMDB), o deputado federal Betinho Gomes (PSBD) afirmou que a prisão do ex-presidente da Câmara, ontem, “reforçou a sensação de dever cumprido” da Comissão, ao mesmo tempo em que “demonstra que a justiça não tem coloração partidária e acaba com a narrativa do PT de que o partido estaria sofrendo uma perseguição na Lava Jato”. Para o ex-líder do governo Dilma Rousseff (PT), por outro lado, o senador Humberto Costa (PT) essa prisão “poderá deixar a base aliada em maus lençóis”, uma vez que possíveis delações do peemedebistas podem levar ao comprometimento do governo Michel Temer (PMDB). “Vamos aguardar para que o Brasil conheça a verdade sobre impeachment. Acredito que as informações de Cunha podem desmitificar a postura de vários elementos da antiga oposição, que se comportam aqui como verdadeiros ‘santos’.”

Independente do lado partidário, porém, os pernamabucanos que se manifestaram ontem sobre a decisão da justiça, comemoraram e disseram que ela era aguardada, ainda que tenha causado surpresa entre muitos. “Eduardo Cunha embarcou num trem cuja parada final era a cidade de Curitiba”, afirmou o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMBD). Além de reforçar a tese de Betinho Gomes, de que a prisão de Cunha enfraqueceria o discurso de uma “seletividade partidária” da operação Lava Jato, Jarbas comentou acreditar que o ex-presidente da Câmara vai fechar um delação. “Uma pessoa que desdenha de tudo, que zomba da consciência do povo e se mostrou preparado para a malandragem, é capaz de negociar qualquer tipo de acordo, inclusive uma delação.” Há quem acredite, porém, que a justiça poderia Polícia colocar empecilhos a esse acordo, como forma de evitar benefícios ao réu. Vale ressaltar, porém, que a prisão ainda tem caráter preventivo, podendo ser revogada a qualquer momento.

Apesar de todos os deputados pernambucanos terem votado pela cassação de Eduardo Cunha, o estado registrou sete votos pela eleição do peemedebistas, no ano passado. Entre eles estavam os votos de Jarbas, Mendonça Filho (DEM) e Augusto Coutinho (SD), cujos partidos eram aliados do parlamentar na Casa. A lua de mel, porém, durou pouco. Jarbas foi um dos primeiros a migrar para a oposição a Cunha na Câmara e pedir sua destituição do cargo. Um dos últimos a se declarar contra o ex-presidente foi Kaio Maniçoba (PMDB), que também ontem, afirmou que a prisão do peemedebistas “fortalece a democracia”. “É importante que a Lava Jato esteja andando, mas é ruim para o parlamento coisas desse tipo porque nenhum colega quer que outro seja preso. Mas é importante, sim, que haja justiça. Foi isso que ele plantou”, falou do correligionário.

Ele afirma que a mudança de postura do grupo se deu na medida em que houve uma mudança de postura de Eduardo Cunha. “Como eu, Jarbas ou Mendonca, ninguém imaginava que ele estaria nesse mar de acusações. Nós mudamos de opinião em relação a ele na medida em que vimos que ele não poderia exercer aquele cargo. A saída de Eduardo Cunha da presidência da Casa transformou o ambiente. As votações estavam tensas, o ambiente estava tenso. Foi importante para a casa (a cassação dele) se ele tivesse sido mais inteligente do que é teria pedido para sair há mais tempo”, completou Maniçoba.

Eduardo Cunha teve o mandato cassado em setembro deste ano por quebra de decoro parlamentar. Ele foi preso preventivamente sob acusação de “tentar atrapalhar as investigações” e é suspeito de receber R$ 5 milhões de propina de esquema de corrupção na Petrobras. Só na Suíça, a polícia diz ter conseguido rastrear R$ 7,5 milhões, que pertenceriam ao peemedebista. O peemdebista havia sido eleito em 2015 com 267 votos. Derrotou o candidato oficial do Palácio do Planalto, Arlindo Chinaglia (PT-SP), o candidato da oposição, Júlio Delgado (PSB-MG) e Chico Alencar (PSOL-RJ). Chinaglia obteve 136 votos, menos do que a soma dos deputados que compunham o bloco de apoio dele, e Delgado, 100 votos, enquanto Alencar, apenas oito.


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