Campanha João Paulo critica o 'golpe' em evento realizado Jardim São Paulo e não sofre retaliação nas ruas Candidato a prefeito pelo PT anda pelas ruas sem sofrer rejeição que petistas sofrem em outras cidades

Por: Aline Moura - Diario de Pernambuco

Publicado em: 29/08/2016 22:32 Atualizado em: 29/08/2016 22:49

Ex-prefeito filma moradora que faz desabafos sobre a falta de posto de saúde (PT/divulgação)
Ex-prefeito filma moradora que faz desabafos sobre a falta de posto de saúde

A campanha do candidato a prefeito do Recife pelo PT, João Paulo, aparentemente não sofreu reflexos do início do julgamento final da presidente Dilma Rousseff (PT), que está afastada do cargo desde maio. Ao caminhar durante quase duas horas e meia, em Jardim São Paulo, o petista não sofreu rejeição dos moradores como prefeituráveis do partido têm sofrido em outras capitais. João Paulo andou por quase duas horas e meia, pulou poças de lama, chegou a correr para cumprimentar alguns eleitores - que acenavam e estavam distantes - e ainda visitou apartamentos de moradores da região com quem tinha ligação emocional.

João Paulo fez o discurso de encerramento nas imediações da Praça Padre Romano Exupéry, com um microfone, mas sem palanque armado, numa simplicidade quase franciscana, como nos antigos tempos do PT. Foi anunciado como único candidato que seria capaz de trazer de volta o Orçamento Participativo - menina dos olhos das gestões petistas - e recuperar a cidade. O evento foi prestigiado, inclusive, por petistas próximos ao ex-prefeito João da Costa. O único momento em que não deram atenção a João Paulo foi quando ele abordou um grupo de idosos que estavam jogando dominó na Praça Jardim São Paulo. Os jogadores apertaram as mãos dele, sorriram, mas não deixaram o jogo para cumprimentá-lo com maior entusiasmo.

Embora não tenha sido abordado para falar sobre Dilma, nem sofrido retaliações nas ruas, como petistas de outras cidades, João Paulo fez do impeachment um dos principais motes do seu discurso no  bairro. Chegou a mencionar a ditadura militar, ressaltando a importância de se manter vigilante na democracia. O tom da fala do petista foi semelhante ao do guia eleitoral, que também se posicionou contra o afastamento da presidente. Alguns moradores dos prédios em volta apareceram nas janelas para ouvir.

 “Esse é um dia de muita simbologia eleitoral, porque representa a luta pela democracia. Esse golpe é contra os trabalhadores. O projeto neoliberal de Temer é de temer”, disse ele, num dos trechos. “Esse é um momento extremamente difícil, mas vocês vêem tanta energia (na minha campanha), tanta alegria que eu não troco pela de muitos jovens. Um revolucionário vale por  mil soldados. O revolucionário dá a vida dele pela causa”, completou, no discurso em Jardim São Paulo.    

 

Ataques  à saúde e à educação
No início da tarde, o prefeiturável estacionou o carro por volta das 14h em frente à Unidade de Saúde da Família Fernandes Figueira, que foi orçada em R$ 1,4 milhão, mas está inacabada. Ele tirou o celular do bolso e filmou depoimentos de moradores do bairro que chegavam para lhe apresentar demandas, como Maria José Barbosa, 62 anos. Ela fez queixas sobre o fechamento do posto de saúde daquela área desde 2014 e disse ter sido avisada de que João Paulo estaria ali, na localidade, por meio de um carro de som da campanha. “Precisamos atravessar a BR-101, ir para a Ceasa, ficar a madrugada na fila para pegar uma ficha e ser atendida. No posto de saúde que tinha aqui antes, tinha até dentista”,  contou Maria Barbosa.  

Em Jardim São Paulo, o prefeiturável do PT reforçou críticas à atuação do governo municipal na área de saúde. Afirmou que, na frente da Praça de Jardim São Paulo, antes funcionava uma Academia das Cidades durante toda semana e havia um posto de saúde no local da Upinha, que ainda não funciona e foi orçada em R$ 1,4 milhão. Agora, ressaltou, eles têm que se deslocar para outro bairro para serem atendidos. Segundo o petista, a prefeitura está falhando na saúde preventiva e no atendimento. “Os moradores pediram para que se criasse um posto de saúde, pesquisaram o aluguel, que custava R$ 5 mil, mas a prefeitura disse que era muito caro”.

O ex-prefeito também atacou a política educacional da gestão socialista. Disse que, além das obras paradas e dos erros na saúde, a merenda escolar das escolas municipais é de péssima qualidade, “que até um porco sua para comer”. “Os professores passam por um nível altíssimo de estresse, estão doentes na nossa comunidade. Mas o que sentimos (agora) é o que todos viram.  Quando a gente passa na cidade, ela retoma a luz”.



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