Opinião João Bosco Tenório Galvão: Caminhos do Brasil "O brasileiro, como povo, tem que encontrar seus caminhos de combate ao desperdício e à corrupção, tem que desenvolver um modelo de administração das coisas públicas"

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 30/08/2016 07:02 Atualizado em:

Por João Bosco Tenório Galvão
Advogado

O Brasil, país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, tem que decidir o seu futuro. Optar por um modelo próprio ou seguir os modelos que, de vez em quando, nos aconselham ou tentam impor. Somos, predominantemente, europeus, africanos e ameríndios, ocidentais e latino americanos, somos felizes e chegados à irresponsabilidades. 

Pecamos pela impontualidade adiando as decisões que devemos promover. Acreditamos na Santa Igreja Católica, na comunhão dos santos em todos os orixás e quase nada levamos a sério. Estamos há muito numa encruzilhada, pois somos o oito e o oitenta e teremos que decidir por mudanças e modelo de vida social, politica e econômica, tudo sob o primado do ordenamento jurídico, onde todos sejam iguais e, de preferencia solidários. 

O Brasil teve três oportunidades maravilhosas de exposição aos olhos do mundo. A Copa das Confederações 2012, a Copa do Mundo de 2014 e a corrente Olimpíada Rio 2016. Todos eventos com largos prazos de planejamento e preparo, chegamos inclusive a surpreender, positivamente, nossos convidados estrangeiros, encantados com a participação e hospitalidade do povo. Contudo, no órbita interna falhamos. Aliás a nossa elite falhou. As construções necessárias das infraestruturas aos eventos são inconclusas.

Prometeram e falharam. Gastaram o que não podiam sem edificar o que era necessário... Parecem-me que os atrasos existem como preâmbulos da corrupção. A mobilidade nos transportes, o saneamento de nossas águas, ficaram nas promessas para o dia de São Nunca. Os montantes dispendidos calculados em moedas sólidas fizeram corar os frades de pedra, pois superaram todas as expectativas do planejamento. Os processos de tomadas de contas ainda estão em andamento, quem viver verá! Tudo isso tem raiz: a falta de controle institucional e popular. 

O povo tem que aprender a se defender, a reivindicar, a protestar com eficácia, ao exercício da crítica aos governantes, que não se importam com as deficiências de nosso sistema educacional, com a precariedade de nossa saúde, com os débitos no saneamento público, com a insegurança, pois o Brasil, onde se plantando tudo dá, não tem modelo. Estamos através dos tempos copiando outros modelos, outras sociedades que já não nos dizem respeito. O brasileiro, como povo, tem que encontrar seus caminhos de combate ao desperdício e à corrupção, tem que desenvolver um modelo de administração das coisas públicas que otimize nossos potenciais. Um novo modelo de instituições politicas se impõem e será estabelecido, mesmo tarde, por reformas. A administração pública tem que ser assentada na meritocracia e não numa estabilidade funcional que estimula desmandos.

Ao sistema educacional, núcleo de novos tempos, impõe-se mudanças, onde prevaleça o interesse do corpo discente sobre professores e administradores, nem sempre comprometidos com o futuro das novas gerações. Merenda já não pode ser roubada! As medalhas que perdemos na Rio 2016, podem ser recompensadas pelo aprimoramento de nossas instituições, hoje tão viciadas por uma elite falsa e mentirosa, embevecida pelas constantes e injustas benesses. O Brasil precisa construir seus próprios caminhos.


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