Diversidade Jean Wyllys participa de debate e é ovacionado no Recife Encontro na sede do PSOL reuniu políticos e representantes da sociedade para falar sobre gênero e diversidade

Publicado em: 28/07/2016 22:58 Atualizado em:

Wyllys desmontou clichês homofóbicos e foi aplaudido. Foto?  Eric Gomes /Cortesia
Wyllys desmontou clichês homofóbicos e foi aplaudido. Foto? Eric Gomes /Cortesia

Deputado federal do Rio de Janeiro e um dos políticos mais notáveis
do Brasil - eleito três vezes o melhor do ano - Jean Wyllys foi ovacionado durante sua passagem pelo Recife, nesta quinta-feira. O parlamentar do PSOL foi o grande destaque de um debate sobre gênero e desigualdade, organizado pelo pré-candidato a prefeito do Recife, e companheiro de partido de Wyllys,  Edilson Silva. A fala de Jean, que desmontou clichês homofóbicos e provocou a plateia, foi aplaudida de pé pelo público de cerca de cem pessoas que se reuniu na sede do PSOL, no Derby. 
A exibição do documentário pernambucano Bichas antecedeu o debate que, além do parlamentar carioca, contou com a colaboração de Maria Clara de Sena, mulher negra e trans membro do Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura de Pernambuco, Fabiana Melo, também mulher trans, assessora da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Alepe, Tárcio Gomes, do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades,  Daiane Dultra, militante do movimento feminista e Albanise Pires, presidente do PSOL Pernambuco, além do advogado Diego Lemos. 

Mulher negra e transexual, Maria Clara de Sena foi a primeira a falar no evento. No rápido pronunciamento, lembrou momentos de sua própria trajetória e falou da importância de empoderar. Membro do mecanismo que combate a tortura em Pernambuco, Maria Clara lembrou do preconceito sofrido por ela mesma em uma unidade prisional, quando chegou a ser ameaçada de morte e recontou a história de Verônica Bolina, espancada dentro de um presídio em São Paulo, ano passado. “Na teoria é uma luta, na prática é uma guerra”, disse, finalizando a fala, seguida pelo pronunciamento do único representante dos homens trans da mesa, Tárcio Gomes, que iniciou a fala pedindo para outros homens trans da plateia ficarem de pé. 

“Eu pedi para que eles ficassem em pé para que vocês vissem que a gente existe”, disse, no início, emocionando o público que assistia. Gomes também aproveitou o espaço para criticar o fechamento do Centro Estadual de Combate a Homofobia, cujas atividades foram encerradas em maio e ainda não foram reestabelecidas. “Se hoje os meus documentos estão com meu nome lá, foi graças ao CECH, foi lá que consegui isso”, afirmou. 

“Eu existo e eu resisto”, avisou a primeira transexual funcionária da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Fabiana Melo, que provocou os espectadores perguntando “afinal, o que é ser mulher?”. “Ninguém pode julgar ninguém pela genitália, a gente é só o sexo biológico? Ser uma mulher é só usar vestido?”, questionou. 

Antes do microfone ser passado para Jean Wyllys, ainda houve a fala do advogado Diego Lemos, que falou sobre alguns projetos de lei que tramitam em Pernambuco e são considerados fundamentalistas e conservadores. Um dos projetos que ele comentou foi aquele que restringe a abordagem de temas ligados à diversidade e gênero nas escolas. “Querem institucionalizar a opressão”, classificou o jurista, que ainda criticou a proposta de um vagão só para as mulheres no metrô, ambas do deputado Cleiton Collins. “E agora querem institucionalizar o assédio. Como se o problema do assédio fosse a mulher estar ali, aí você tira a mulher e resolve?”, questionou. 

Jean, que começou o discurso abafado pelos aplausos, incendiou o público. O primeiro clichê desmontado por ele foi o de que o sexo tem como objetivo principal a reprodução e, por isso, atesta-se o erro nas relações homossexuais. “Não somos os mesmos de quando desenhávamos pinturas rupestres. Somos um conjunto de elementos, informações, somos absolutamente culturais”, argumentou o deputado, que convocou o público que o assistia a reagir, sempre. “Os abraâmicos usam os escritos para dizer que a homossexualidade é errada, mas lá também fala sobre escravizar pessoas e isso hoje é moralmente inconcebível para nós”, argumentou e questionou que tipo de pessoa se importa com o que outra faz da sua vida. “Por que você, heterossexual, se incomoda com quem eu quero me casar? Por que quer atacar meus direitos?”. 

Debate não foi ato de campanha 
Antes do debate, às 16h, Wyllys conversou com a imprensa. Questionado sobre o encontro ser parte da campanha de Edilson Silva, o deputado negou, mas disse que apoia a candidatura. “O convite já havia sido feito e aproveitei um recesso do congresso. Então, não foi um evento de campanha. Mas também não teria problema em fazê-lo, porque sei da competência de Edilson. 



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