Empresário Vamos divulgar tudo que aconteceu naquela noite, diz Gleide Ângelo

Por: Aline Moura - Diario de Pernambuco

Publicado em: 27/06/2016 20:25 Atualizado em: 27/06/2016 23:33

Delegada diz que, ao chegar ao local da morte do empresário, já havia muita gente e o corpo estava dentro do saco para ser encaminhado ao IML. Crédito: Peu Ricardo
Delegada diz que, ao chegar ao local da morte do empresário, já havia muita gente e o corpo estava dentro do saco para ser encaminhado ao IML. Crédito: Peu Ricardo

Conhecida em Pernambuco por ter solucionado crimes impossíveis, como os homicídios de Jennifer Kloker, Alice Seabra e Narda Bionde, a delegada Gleide Ângelo se comprometeu, nesta segunda-feira (27), a esclarecer a morte do empresário Paulo César Morato, que era um testa de ferro de um esquema que desviou R$ 600 milhões de recursos públicos para campanhas políticas do estado e do Nordeste, segundo a Polícia Federal. Gleide participou de uma coletiva na Secretaria de Defesa Social hoje para tentar elucidar dúvidas sobre o caso, uma vez que há suspeitas de todo tipo que cercam as circunstâncias da morte.


Delegada, houve uma polêmica muito grande porque a senhora preencheu documentos com a data do dia 23, um dia depois da morte. Os peritos foram ao local onde o corpo foi encontrado e tiveram de voltar (sob ordens de Sandra Santos).


O que houve, na verdade, foi o seguinte: fomos para esse local “de morte a esclarecer (o motel)”, como de praxe, e a gente só faz um oficio quando a gente retorna. Quando tem uma morte, a gente tem que correr,  não pode se preocupar com a formalidade... Quando a gente retorna, começa a fazer as peças, faz o Boletim de Ocorrência e outras coisas… O meu BO foi feito às 3h da manhã, porque eu havia ido para outro homicídio depois.
Às 3h, foi quando eu fiz um ofício para o Instituto de Criminalista, um ofício para Instituto Tavares Buril, do caso do dia 22, solicitado perícia local que tinha sido feita (era uma forma de documentar). Só que quando eu cheguei foi de madrugada, eu fui para um homicídio em Cruz de Rebouças, eu emendei, tanto é que os ofícios saíram com a mesma data. O ofício que eu fiz é o ofício de perícia para o local de crime, tanto é que a numeração parece que é de número 10, do ITB, e  a do IC é 11. A gente entrega quando larga de manhã.

A senhora então não disse que a perícia tinha que continuar?

O corpo estava totalmente violado quando a gente chegou. O corpo já estava dentro do saco os peritos entraram do IC, fizeram todas as perícias, eu fiquei do lado de fora. Quando terminou, a perita criminal Vanja Coelho disse: “perícia terminada, local liberado”. Eu sai na frente, porque tinha outro homicídio. Então, não havia necessidade, segundo a minha ótica, de novas perícias porque o que a gente precisava já tinha, os copos (dois), a garrafa a qual o morto poderia ter pego, porém milhões de pessoas entraram naquele quarto, pessoas do hotel, PMs, pessoal do IML, pessoal do plantão. Nem o corpo do morto eu vi porque já estava dentro do saco.

Quais as perícias que restam?
Então, as perícias que nós precisávamos estão sendo feitas e estão sendo concluídas.  A perícia do IML, a tanatoscópica, aquela que define a causa morte, as perícias toxicológica, a perícia do ITB, tudo isso foi feito. A gente está esperando chegar tudo, para vocês que conheçam o nosso trabalho com a maior transparência. Nós vamos chamar todos vocês e explicar perícia por perícia. Para que vocês saibam se ele morreu de morte natural, se foi homicídio ou suicídio. No final da investigação, nos comprometemos: vamos divulgar tudo que aconteceu naquela noite.

 

Entidades contestam explicações e cobram padrões

O presidente do Sindicato dos Policiais de Pernambuco, Áureo Cisneiros, disse não estar satisfeito com as informações prestadas na coletiva na sede da SDS, e o presidente da Associação de Papiloscopistas, Carlos Eduardo Maia, também fez a mesma avaliação. Os dois ainda conversaram com o secretário executivo Alexandre Lucena, que se comprometeu em estabelecer padrões de investigação. Segundo Áureo, desde que a equipe de policiais do Varadouro entrou no quarto onde estava Paulo César Morato, houve falhas, porque não se pode violar um ambiente só porque se tem a impressão de morte natural de uma pessoa, especialmente quando o corpo é encontrado num motel.

Carlos Eduardo Maia também considerou um equívoco suspender a complementação da perícia, uma vez que a SDS fez questão de reforçar que preferia pecar por excesso. “Na verdade, ele (Lauro), não fez perícia papiloscópica, só fez do cadáver e a tomada de fotos. Ele disse que comunicou verbalmente a Gleide e a Vanja sobre a necessidade de novas perícias e informou ao proprietário do motel. O advogado do motel entrou em contato comigo na quinta-feira (23), informando que o local estava isolado esperando a perícia. Como é que o proprietário tinha a informação de isolamento do local e a SDS não tinha? Quem tem autoridade para verificar se há necessidade de complemento é o perito”, reclamou Carlos Eduardo. “Existe uma normativa na Secretaria Nacional de Segurança Pública de que, quando existem vestígios de cena de crime, a prioridade é a perícia papiloscópica”, acrescentou.

Já o superintendente da Polícia Federal, Marcello Diniz, disse que a instituição já está de posse dos pertences apreendidos no veículo dirigido por Paulo César, um Jeep Renegade. Ele se referiu aos pendrivers e aos celulares, especificamente. Mas disse que não daria mais informações sobre o caso porque, ali, se tratava de tirar dúvidas sobre as polêmicas da morte de Paulo César. Ele ressaltou confiar totalmente na Polícia Civil de Pernambuco. A Bancada estadual de Oposição, por sua vez, cobrou mais esclarecimentos ao governo, enquanto o deputado estadual Edilson Silva (PSol) solicitou a federalização das investigações.



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