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Investigação PF detalha prisões da Operação Turbulência Senador Fernando Bezerra Coelho foi apontado como intermediador dos recursos com as 18 empresas de fachada envolvidas no esquema

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 21/06/2016 13:35 Atualizado em: 21/06/2016 16:39

A Polícia Federal em Pernambuco (PF-PE) detalhou, esta manhã, as prisões realizadas nesta terça-feira no estado durante a Operação Turbulência deflagrada para prender suspeitos de participar de um esquema que utilizava empresas de fachada para o desvio de recursos públicos desde o ano de 2010.

Dezesseis dos 24 mandados de condução coercitiva e quatro dos cinco mandados de prisão expedidos pela Justiça foram cumpridos. João Carlos Lyra de Melo Filho e Eduardo Freire Bezerra Leite receberam voz de prisão quando desembarcaram no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Os empresários com atuação em Pernambuco já estavam sendo seguidos quando embarcaram juntos, na madrugada de hoje, no Aeroporto Internacional dos Guararapes, no Recife. O voo foi acompanhado por dois policiais à paisana, que aguardaram a expedição do mandado para cumprir a ordem judicial. De acordo com a PF, Eduardo Freire tinha passagem comprada para seguir ainda hoje para Miami, nos Estados Unidos. Com ele foram encontrados U$ 10 mil em espécie.

Já Apolo Santana Vieira foi preso em uma academia no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Além deles também foi detido Artur Roberto Lapa Roval. Paulo César de Barros Morato é considerado foragido. Todos os presos foram encaminhados para a sede da Polícia Federal no Recife, na Avenida Cais do Apolo. Para lá também foram levados quatro carros de luxo, entre Porshe, Land Rover e Audi, recolhidos hoje durante a operação. Também foram apreendidas três aeronaves, sendo dois helicópteros e um avião, avaliados em R$ 9 milhões.

As investigações começaram após a queda do avião que vitimou o ex-governador Eduardo Campos, no dia 13 de agosto de 2014, no litoral de Santos, em São Paulo. Os trabalhos para encontrar os proprietários da aeronave acabaram desvendando um esquema, que, de acordo com a PF, movimentou R$ 600 milhões desde 2010.

Ainda segundo a PF, em 2014, a construtora OAS, contratada para realizar um serviço de terraplanagem das obras de transposição do Rio São Francisco, repassou R$ 18,8 milhões à empresa Câmara Vasconcelos, utilizada como fachada para a compra da aeronave, um Cesna Citation PR-AFA. Antes mesmo da prisão, João Carlos Lyra já teria assumido a posse do avião.

O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) foi apontado pela Polícia Federal como um dos intermediadores dos recursos com as 18 empresas de fachada que estariam envolvidas no esquema. Dezessete empresas estão localizadas em Pernambuco e uma em Goiás, entre elas  Bandeirantes Pneus, AF Andrade e Câmara Vasconcelos, todas pernambucanas. Ainda segundo a PF, FBC, já investigado pela Operação Lava-Jato, faria parte do esquema desde 2010, quando das obras da Refinaria Abreu e Lima e também seria encarregado de recolher recursos com essas empresas para a campanha de reeleição de Eduardo Campos no governo de Pernambuco em 2010.

De acordo com o superintendente Regional da Polícia Federal, Marcelo Diniz Cordeiro e os delegados Andrea Pinho e Daniel Silvestre, responsáveis pela operação, as investigações continuam para detalhar a circulação dos montantes em dinheiro e a participação de novas empresas como uma localizada no Uruguai e ainda para comprovar suspeitas.

Nota oficial

O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) repudiou as acusações a respeito da participação do esquema das empresas de fachada. Em nota à imprensa, o senador do PSB diz que "repudia a incorreta vinculação do nome dele à 'Operação Turbulência', uma vez que o senador não é sequer mencionado nos autos desta investigação. Além disso, Fernando Bezerra afirma que não foi coordenador das campanhas de Eduardo Campos, à Presidência da República, nem em 2010 nem em 2014; não tendo, portanto, exercido qualquer função financeira nas campanhas de Campos".

Ainda na nota, FBC diz que "quanto à investigação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) – ainda não concluída –, Fernando Bezerra Coelho ratifica que sempre esteve à disposição para colaborar com os ritos processuais e fornecer todas as informações que lhe foram e, porventura, venham a ser demandadas. O senador reitera, ainda, que mantém a confiança no trabalho das autoridades que conduzem o processo investigatório no STF, acreditando no pleno esclarecimento dos fatos".

Com informações do repórter Tércio Amaral



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