Investigação Paulo Morato morreu envenenado por chumbinho, diz perícia Polícia Civil agora investiga se o empresário se matou se foi vítima de homicídio

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 30/06/2016 18:05 Atualizado em: 30/06/2016 19:36

Corpo do empresário foi encontrado em um quarto de motel em Olinda. Foto: Nando Chiappetta/DP
Corpo do empresário foi encontrado em um quarto de motel em Olinda. Foto: Nando Chiappetta/DP

O empresário Paulo César de Barros Morato, apontado como "testa de ferro" de um esquema criminoso investigado pela Polícia Federal, morreu envenenado por chumbinho. De acordo com as perícias realizadas pela Polícia Científica, a causa da morte foi intoxicação exógena por organofosforado, substância comumente utilizada para controle de pragas e conhecida popularmente como chumbinho. O corpo do empresário permanece na sede do Instituto de Medicina Legal, em Santo Amaro, e poderá ser liberado para o sepultamento a partir desta sexta-feira.

Oito exames foram realizados para se concluir a real causa da morte do empresário. Já estão prontos os laudos do exame de DNA, o histopatológico e toxicológico nas vísceras. Restam ser concluídas as perícias das imagens do circuito de segurança do Motel Tititi, onde o corpo foi encontrado, a papiloscópica (análise das digitais), química, tanatoscópica e local de morte a esclarecer. Os últimos resultados deverão ficar prontos em até 10 dias. Posteriormente, o material deverá ser encaminhado para a Polícia Civil para auxiliar na conclusão do inquérito.


Entre os materiais que ainda estão sendo analisados, consta uma garrafa d'água encontrada no quarto onde o empresário foi achado e que pode ter sido utilizada no envenenamento. Quando foi encontrado, Paulo César estava com um relógio avaliado em R$ 10 mil e R$ 6,5 mil em dinheiro, dias depois, porém, a polícia informou que a quantia era de apenas R$ 3 mil. No quarto, ainda foram recolhidos sete pen drives, três celulares, dezenas de óculos escuros e de grau, dois relógios, 53 envelopes de depósitos bancários vazios, um chip de celular, cartelas de medicamentos para hipertensão e diabetes e documentos pessoais.

Através de nota oficial, a Secretaria de Defesa Social informou que não existem mais dúvidas quanto à causa morte de Paulo César. "Agora as investigações da Polícia Civil é que vão dizer se ele se matou ou se foi envenenado. Mas temos total certeza que não foi morte natural", esclareceu o assessor de imprensa da SDS Otávio Toscano.

O deputado estadual Edilson Silva (PSol) pediu que o caso seja investigado pela Polícia Federal. "A conclusão do laudo de que a morte se deu por envenenamento, para nós, reforça a necessidade da federalização desta investigação. É evidente que a morte pode, sim, ter relação com a Operação Turbulência, que identificou um esquema de lavagem de dinheiro por onde passaram R$ 600 milhões", afirmou.

Entenda o caso
O empresário Paulo César de Barros Morato estava sendo investigado pela Operação Turbulência e foi declarado como foragido pela Polícia Federal na terça (21). Ele foi encontrado morto na noite da quarta-feira (22) no Motel Tititi, na Avenida Perimetral, em Olinda. A delegada Gleide Ângelo e o delegado Jorge Ferreira investigam para saber se houve suicídio, homicídio ou morte natural, que já foi descartada pela perícia.

Segundo a PF, ele era suspeito de integrar "uma organização criminosa" que teria desviado R$ 600 milhões, envolvendo pelo menos 18 empresas que seriam de fachada e tinham abastecido campanhas políticas de Pernambuco e do Nordeste. Paulo Morato seria o dono da empresa "Câmara & Vasconcelos Locação e Terraplenagem LTDA". Ele ainda é apontado pelo Ministério Público como um dos que aportou recursos na aquisição da aeronave Cesnna, que transportava o ex-governador Eduardo Campos em 2014, falecido em 13 de agosto daquele ano, num acidente aéreo.

O Ministério Público Federal informou que Paulo César tinha em conta R$ 24,5 milhões, mas era considerado como "testa de ferro" porque as condições de vida dele não condiziam com o dinheiro encontrado.

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