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Diario Editorial: Violência na infância Crianças e adolescentes são produtos de uma sociedade em que a violência é elemento do cotidiano

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 27/06/2016 07:01 Atualizado em:

O Estado brasileiro não consegue garantir a segurança à infância. Entre 1990 e 2010, mais de 176 mil jovens foram assassinados no território nacional. O Brasil ocupa a quarta posição, entre 99 países, em número de homicídios de crianças com menos de um ano a jovens até 19 anos. Caminha a passos largos para chegar ao topo do ranking, ante a ineficiência do Estado na formulação e execução de políticas públicas que revertam esse dramático cenário.

A motivação fútil de crimes exige reflexão e revisão das políticas governamentais não só em relação à insegurança, mas também quanto à educação - que não chegam aos jovens, menos ainda aos adultos -, à saúde, à desestruturação das famílias em áreas de elevado grau de vulnerabilidade socioeconômica e, ainda, aos estímulos ao consumo, como elemento de afirmação e de status social. O modelo adotado tem se mostrado incapaz de promover o crescimento positivo da sociedade.

Crianças e adolescentes são produtos de uma sociedade, em que a violência é elemento do cotidiano. Eles reproduzem as atitudes dos adultos, que optam pela eliminação da vida de quem os incomoda por quaisquer motivos - como se houvesse razão, ou lógica, ou direito de matar. Nos últimos anos, a agressividade vem conquistando espaços diante das variadas expressões de intolerância, que se alastram pela indiferença do poder público.

Essa mesma indiferença, que se confunde com brutalidade, é dedicada à infância e à juventude pelo Estado. Em São Paulo, há poucos dias, policiais militares executaram, com um tiro na cabeça, menino de 11 anos que havia furtado um carro. No ambiente doméstico, os jovens são vítimas de espancamento, violência sexual, desamparo e outras atrocidades que originam adultos revoltados e igualmente agressivos.

Faltam políticas públicas às necessidades dos jovens nos serviços prestados pelo poder público, assegurando-lhes meios adequados de desenvolvimento psicológico, social, educacional, cultural e econômico. O mesmo Estado que estimula o consumo a fim de movimentar a economia é incapaz de romper com as desigualdades que reduzem a cidadania. O arame farpado usado para conter a vítima é o mesmo que divide a sociedade e multiplica os guetos de miséria, onde prevalece a lei do mais forte.

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