Cessar-fogo Editorial: Uma chance para a paz

Publicado em: 25/06/2016 11:04 Atualizado em:


Cada vez que a paz triunfa em algum lugar, a humanidade inteira tem motivos para festejar. Significa que a violência cedeu lugar ao diálogo, e que foi criado um novo exemplo capaz de servir de modelo para outros lugares.  É o que acaba de acontecer na Colômbia. Depois de 50 anos de conflito, foi assinado o acordo de cessar-fogo entre o governo colombiano e a guerrilha das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). 

O anúncio aconteceu na última quinta-feira, em Cuba, em solenidade que reuniu o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon; o chanceler da Noruega, Borge Brende; os presidentes Juan Manuel Santos (Colômbia), Raúl Castro (Cuba) e Nicolás Maduro (Venezuela), e o chefe das FARC, Timoleón Jiménez, conhecido como Timochenko.  Os detalhes do acordo serão especificados nos próximos dias, mas o que foi acertado já permite dizer que aquele foi o “último dia da guerra”, como anunciou pelo Twitter um dos dirigentes do grupo guerrilheiro. 

Trata-se de um acontecimento histórico não só para a América Latina, mas para o Mundo. Em 50 anos, a guerra entre governo e guerrilheiros matou 260 mil pessoas e deixou 45 mil desaparecidos (provavelmente também mortos, o que eleva a cifra da tragédia). Além disso, provocou o deslocamento de cerca de sete milhões de pessoas, que viviam em áreas onde o conflito se dava de forma mais intensa. As FARC, agora, deixarão as armas e vão tentar constituir-se numa força política, incorporando-se ao processo democrático. A guerrilha tem cerca de seis mil combatentes e milhares de pessoas que a apoiam sem participar diretamente da luta.  Em virtude do conflito, o governo colombiano destina 3,4% do PIB ao setor de Defesa, o que corresponde a mais de US$ 10 milhões em cálculos de hoje. Com o fim da guerra, terá uma grande economia de despesas. 

É claro que, após uma guerra tão longeva e que causou tantas perdas, ainda permanecerão por muito tempo na sociedade colombiana algumas tensões.  Serão necessárias, por exemplo, garantias de segurança para os combatentes e a definição de um cronograma para deposição de armas, duas medidas que fazem parte do acordo. Outros problemas mais graves são a eliminação do para-militarismo, a pacificação das áreas de conflito e a criminalidade que se consolidou nessas áreas. 

Qualquer que seja o cenário, porém, ele será melhor do que o registrado nos últimos 50 anos. Uma coisa é resolver suas divergências obedecendo a regras democráticas; outra, muito diferente, é fazê-lo de armas na  mão.


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