Opinião José Aristophanes Pereira: Exportar é a solução! "O Plano Nacional de Exportação captou e potencializou o significado econômico e estratégico da missão exportadora"

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 26/05/2016 07:13 Atualizado em:

Por José Aristophanes Pereira
Engenheiro e consultor empresarial

Pode parecer exagerada a proclamação de prioridade à exportação, implícita no título acima, em concorrência com tantas outras propostas, para retirar o Brasil da fantástica policrise, em que está mergulhado. Também, pode parecer impertinente a abordagem do tema, por um não-especialista no assunto. No primeiro caso, a intenção deliberada é realçar a importância do comércio exterior e sua maior e permanente inserção, no arsenal de soluções, para enfrentamento dos grandes problemas brasileiros. No segundo, credito-me com o que restou do aprendizado, no antigo Banco do Brasil.

Essas duas motivações me induzem a observar, corriqueiramente, com atenção diferenciada, as ocorrências, propostas e decisões nas áreas de comércio exterior e - pela estreita correlação - as manipulações da política cambial. Apesar de considerar desastrosa a tal “nova matriz econômica”, que prevaleceu no primeiro Governo Dilma, e levou, junto com as mentiras, à derrocada do segundo, acompanhei, com intimo entusiasmo, o que se projetou e executou, em curto período, no âmbito do prestigiado Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), durante a empenhada e produtiva administração do ministro Armando Monteiro Neto.

A ação do MDIC parecia um oásis, em meio aos desacertos, inoperância, desprestígio e falta de credibilidade, que culminaram com o processo de impeachment da presidente Dilma, ora na fase de julgamento final. O Plano Nacional de Exportação, então promulgado, captou e potencializou o significado econômico e estratégico da missão exportadora, erigindo cinco pilares de atuações sistêmicas, que já começavam a dar frutos, ancorados em nova realidade cambial. Uma importante componente, derivada daquele plano mestre, propunha valorizar a “cultura da exportação”, para tirar o Brasil - 8ª economia do planeta - de uma ridícula e secular acomodação colonialista, que o coloca na medíocre posição de 25º exportador mundial, com meros 1,2% das exportações globais! E pior: com uma pauta de baixo valor agregado, na qual cerca 60% dos itens são produtos básicos(46%) e semi-manufaturados(14%).

Esses registros não têm nada de original. Qualquer pesquisador, no Google, encontraria fartas informações, até, mais atualizadas. Entretanto, sirvo-me deles para enfatizar ajuizamentos e contrapor ao que me parece, no mínimo, curioso e, ainda, sem explicação: a parte da reforma ministerial praticada pelo presidente em exercício, Michel Temer, que quase extinguiu o eficiente Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior(MDIC), reduzindo-o a um chamado Ministério da Indústria, Comércio e Serviços. No esquartejamento, dois dos mais suculentos e estratégicos pedaços do antigo MDIC - Comércio Exterior (APEX e COMEX)  e BNDES - foram apartados e transferidos, respectivamente, para os “notáveis” ministros José Serra (Relações Exteriores) e Romero Jucá (Planejamento).

Reconheço que a complexidade do processo político, que ora atormenta e confunde o Brasil, e a urgência em encaminhar soluções, para superar a estagnação econômica, sob a montagem de pragmáticos arranjos político-partidários, ocasionam, infelizmente, equívocos, desconforto e perplexidades. Como parece ser a faxina, não bem justificada, realizada no MDIC, deixando o pastor-ministro pendurado no pincel. Ainda assim, confio e torço, para que tudo se resolva a contento, pois sou passageiro desse barco...


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