Gravações Em áudio, Jucá fala em pacto para deter avanço da Lava Jato Diálogos entre o ministro do Planejamento e ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, estão sob poder da PGR

Publicado em: 23/05/2016 08:19 Atualizado em: 23/05/2016 08:47

Nas gravações, Jucá afirma que seria preciso evitar que o caso do ex-presidente da Transpetro caísse nas mãos do juiz Sérgio Moro. Foto: José Cruz/ Agência Brasil
Nas gravações, Jucá afirma que seria preciso evitar que o caso do ex-presidente da Transpetro caísse nas mãos do juiz Sérgio Moro. Foto: José Cruz/ Agência Brasil
Em conversas ocorridas em março, o ministro do Planejamento, senador Romero Jucá (PMDB-RR), sugeriu ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que uma "mudança" no governo federal resultaria em um pacto para "estancar a sangria" representada pela Operação Lava Jato, que investiga ambos. A informação é do jornal Folha de S. Paulo

Gravados de forma oculta, os diálogos ocorreram semanas antes da votação na Câmara que aprovou o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. São 1h15min de conversa em poder da PGR (Procuradoria-Geral da República).

Em um dos trechos, Machado disse a Jucá: "O Janot está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho. [...] Ele acha que eu sou o caixa de vocês". Para o ex-presidente da Transpetro, o envio do seu caso para Curitiba seria uma estratégia para que ele fizesse uma delação e incriminasse líderes do PMDB.

Machado pediu que fosse montada uma "estrutura" para protegê-lo: "Aí fodeu. Aí fodeu para todo mundo. Como montar uma estrutura para evitar que eu 'desça'? Se eu 'descer'...". Mais adiante, ele voltou a fazer ameaças de forma velada: "Então eu estou preocupado com o quê? Comigo e com vocês. A gente tem que encontrar uma saída".

Jucá afirmou seria preciso evitar que o caso caísse nas mãos de Moro. "Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o governo para estancar essa sangria", diz ele, um dos articuladores do impeachment de Dilma. Machado respondeu que era necessária "uma coisa política e rápida".

O atual ministro do planejamento acrescentou que um eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional "com o Supremo, com tudo". Machado disse: "aí parava tudo". "É. Delimitava onde está, pronto", respondeu Jucá, a respeito das investigações.

Jucá afirmou que tem "poucos caras ali [no STF]" ao quais não tem acesso e um deles seria o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no tribunal. Nas gravações, ele é chamado de "um cara fechado".

Sérgio Machado presidiu a Transpetro, subsidiária da Petrobras, por mais de dez anos (2003-2014), e foi indicado "pelo PMDB nacional", como admitiu em depoimento à PF. Ao lado de Renan Calheiros, ele é alvo de um inquérito no STF que investiga um esquema de pagamentos.

Romero Jucá também é investigado no STF. A ação, derivada da Lava Jato, apura um suposto recebimento de propina. O dono da UTC, Ricardo Pessoa, afirmou em delação que o peemedebista o procurou para ajudar na campanha de seu filho, candidato a vice-governador de Roraima. Pessoa declarou ter doado R$ 1,5 milhão para a a campanha. O valor foi considerado contrapartida à obtenção da obra de Angra 3. Jucá diz que os repasses foram legais.


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